Sob o argumento de que o país não pode ficar paralisado por causa de uma ação política sem desfecho, ele argumentou que o governo não fará qualquer manobra para impedir a votação. "Não dá para ficar com esse cadáver insepulto", disse Berzoini à reportagem. "Há uma tentativa da oposição de obstruir a pauta da Câmara e do Senado só para discutir impeachment. Não é lícito fazer isso. O Brasil não pode parar."
Em reunião com deputados que lideram partidos da base na Câmara, o ministro afirmou ontem que, enquanto a crise política não se resolver, o país não conseguirá superar a instabilidade econômica. "Nós não temos medo do impeachment. O governo não tem interesse em procrastinar essa votação no Congresso."
A mesma avaliação foi feita, pela manhã, no encontro de Dilma com ministros que compõem a coordenação de governo.
A nova ofensiva da oposição depende da resposta do Supremo Tribunal Federal ao recurso apresentado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre o rito do impeachment. O julgamento foi marcado para o dia 16. "O governo, desde o ano passado, tem dito que está pronto para discutir impeachment. Já existe uma decisão mais que clara. Cabe ao presidente (Cunha) colocar a comissão para funcionar. Estamos prontos para discutir esta matéria", afirmou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
Na base, porém, há líderes que entendem o encaminhamento como um erro. Temem a interpretação de que o governo jogou a toalha ou que a própria base defenda a saída da presidente.
Desgaste
No Congresso, o desgaste nesta terça foi tamanho que até governistas obstruíram votações, temendo derrotas em projetos que trazem impacto financeiro à União. Os sinais de desgaste da base começaram a ser emitidos logo cedo. Minutos antes de seguir para o Planalto para a reunião de líderes com Berzoini, o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), defendeu novas eleições gerais. "Outro dia escutei: 'Rosso, e se fizéssemos eleições gerais, não só para presidente, mas para todos os cargos?'. Eu topo. A gente tem que topar tudo que for para consertar e unir o País", afirmou o líder do partido de Gilberto Kassab (Cidades), um dos ministros mais fiéis a Dilma.
No Senado, também há sinais de racha na base.
O Estado de S. Paulo..