Se o PMDB nacionalmente está em rota colisão com a presidente Dilma Rousseff (PT), em Minas Gerais o partido não se entende com o governador Fernando Pimentel. Apesar de também ter o cargo de vice no Executivo e quatro secretarias, a bancada se sente desprestigiada, reclama de não ter sido sequer consultada sobre a proposta de reforma administrativa e de ficar somente com os desgastes que atingem a gestão petista. Diante disso, os peemedebistas não têm ajudado muito a dar quórum no plenário e já fazem críticas abertas no Legislativo. As diferenças são tantas que o vice-líder do governo, deputado Cabo Júlio, pediu destituição do cargo na Assembleia.
A renúncia foi publicada nesta quarta-feira. A gota d’água para Cabo Júlio foi o comunicado do governo de que iria cortar recursos do Instituto de Previdência dos Militares (IPSM) no contingenciamento. Depois de uma forte reação, o Executivo recuou. “Voltou atrás, mas é um alerta para o governo, que precisa prestigiar os aliados. Como mexer em uma categoria que o vice-líder representa sem ouvi-lo?”, afirmou o deputado. Além disso, segundo Cabo Júlio, o relacionamento do governo com o partido é péssimo. “O partido tem 13 deputados, o presidente da Assembleia e o vice-governador e ficamos sabendo da suposta reforma administrativa pelos jornais, isso não pode acontecer”, disse.
O deputado Iran Barbosa também reclama a falta de influência na reforma. Segundo ele, o partido tem uma proposta de extinção de secretarias que geraria uma economia de R$ 3,5 bilhões, mas nem tem a oportunidade de apresentar. “O PMDB nunca teve papel no governo. Com exceção do Meio Ambiente, não controlamos nenhuma das pastas, são secretários de papel. Tem secretário do PMDB que nunca despachou com o governador”, disse. Barbosa afirmou que os deputados votaram aumento de impostos com a promessa de que viria uma reforma para cortar gastos e até agora isso não ocorreu. “O PMDB está sofrendo desgaste público por causa da inabildade do PT. É você estar sentado no banco do passageiro e ser culpado pelo motorista bêbado”, disse.
O líder da maioria e da bancada peemedebista, deputado Vanderlei Miranda, disse que o governo precisa de uma correção de rota. Ele confirmou a situação de dificuldade dos secretários e acrescentou que, por causa dela, os que são deputados podem até querer voltar para o Legislativo. “Temos secretários mas não temos secretarias. Como líder da bancada tenho falado a dificuldade de diálogo com o governo mas, mesmo assim, não fui chamado em nenhum momento para conversar”, afirmou. (JC).