Rio - Contemplados pelo Palácio do Planalto com espaços na Esplanada do Ministério, lideranças do PMDB do Rio de Janeiro pretendem ter uma participação discreta e não sairão em defesa do governo na convenção do partido marcada para ocorrer neste sábado, 12, sob um forte clima anti-Dilma e anti-PT. Na ocasião, o vice-presidente da República, Michel Temer, deverá ser reconduzido ao comando nacional da legenda, cargo que ocupa desde 2001.
O deputado é responsável pela indicação dos atuais ministros Marcelo Castro (Saúde) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia). Além da Vice-Presidência da República e das duas pastas, o PMDB também comanda os ministérios de Minas e Energia, Agricultura, Turismo e Portos. "A convenção não vai tratar do governo, ela vai tratar do Brasil e do PMDB. O mais importante para o País neste momento é a unidade do PMDB", disse ao Estado o deputado estadual, Jorge Picciani, presidente estadual da legenda no Rio de Janeiro e pai de Leonardo.
Campanha
Apesar das esquivas da cúpula do PMDB do Rio em abordar diretamente o atual momento de desgaste do governo, o tema será colocado por representantes de outros Estados que defendem o desembarque. Entre os condutores da iniciativa estão lideranças do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.
A expectativa é de que esse grupo aumente até amanhã com a adesão de representantes de Pernambuco, Bahia, Roraima, Rondônia, Acre e Tocantins. No caso de São Paulo, apesar de o presidente estadual, deputado Baleia Rossi, tecer criticas internamente ao governo, a tendência é de o diretório também permanecer em discrição, uma vez que o Estado é reduto eleitoral do vice-presidente da República Michel Temer.
"Vai ter uma pressão retórica muito forte, mas não acredito, do ponto de vista prático, em nenhuma mudança. Todo mundo vai aguardar e observar mais o quadro, não acredito numa guinada de imediato no sábado", avaliou o líder Leonardo Picciani.
"Acho que sem marcar nenhuma posição mais radical, o PMDB vai mostrar que tem um caminho próprio. Sem falar em rompimento ou impeachment, mas defendendo um caminho próprio para o País", ressaltou Jorge Picciani.
Nas discussões internas para se fechar a composição da próxima Executiva Nacional que será escolhida amanhã, o PMDB fluminense ainda briga por ampliação dos espaços para o grupo. Está em negociação o cargo da segunda-vice-presidência, atualmente ocupado pela ex-deputado Iris de Araújo (GO). "Uma coisa é certa, o ex-governador Sérgio Cabral não quer, o Eduardo Paes também não, por isso ainda estou negociando outros nomes do partido", disse Jorge Picciani.
Aliados de Dilma no PMDB acreditam que novas delações podem fragilizar ainda mais a presidente e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que dará nova força ao processo de impeachment. Na hipótese de o vice assumir, peemedebistas têm expectativa de que o Temer proponha um governo suprapartidário, com redução drástica de ministérios. Alguns defendem inclusive que Temer anuncie que não tem intenção de disputar a reeleição em 2018, como forma de atrair os partidos para a base.