A Polícia Militar de Minas Gerais convocou mais de 2 mil policiais para reforçar a segurança durante as manifestações de domingo em Belo Horizonte. Segundo equipe de inteligência da corporação, que faz acompanhamento de grupos que planejam protestos nas redes sociais, é pequena a probabilidade de confrontos entre manifestantes pró e contra o governo. “Nos últimos dias, os grupos defensores do governo desmarcaram eventos que estavam sendo agendados e remarcaram para outras datas. Ainda assim faremos um acompanhamento intenso para evitar confrontos de massas”, explicou capitão Santiago.
Além dos policiais convocados extraordinariamente para o protesto, estarão nas ruas os policiais do Batalhão Metrópole, da Academia de Polícia e Militares do Comando Especializado. “O planejamento policial prevê o uso de técnicas para evitar que grupos divergentes se encontrem nas ruas. Mas essa possibilidade diminuiu e não devem ocorrer esse tipo de confronto”, afirma o capitão.
Segundo a assessoria da PM, as manifestações serão acompanhadas por mais de 100 viaturas policiais, incluindo bases comunitárias que ficarão em pontos estratégicos da cidade, e dois helicópteros para fazer um patrulhamento das massas. “Além dos helicópteros, estaremos em pontos altos da região central registrando com imagens as movimentações. Esse acompanhamento vai permitir a captação de imagens para perceber indivíduos mais exaltados. Em grandes grupos, algumas pessoas às vezes fazem coisas que não fariam se estivessem sozinhas”, diz o capitão.
PROTESTOS PELO BRASIL
Os setores de inteligência da Polícia Federal, de todas as suas diretorias, foram acionados pela direção-geral para acompanhar as manifestações em defesa do impeachment da presidente Dilma Rousseff, para tentar evitar possíveis confrontos entre manifestantes pró e contra o governo. Além disso, é recomendada ainda “a manutenção da necessária neutralidade institucional, observando-se a não participação institucional em qualquer ato”. Em uma portaria, o superintendente regional da PF de São Paulo, Disney Rosseti, cidade que merece atenção especial, determina ainda que os federais não participem do ato que será realizado em frente ao prédio da Polícia Federal e ainda que evitem foto com os manifestantes. De acordo com o superintendente, não deve ser dado acesso também aos manifestantes às unidades da PF. Segundo Rosseti, o objetivo é “não vincular a Polícia Federal a qualquer grupo pró ou contra o governo”.
Berço dos principais líderes da oposição ao governo do PT, a capital paulista tem merecido especial atenção em razão de ter sido a capital com maior número de manifestantes nos últimos protestos contra a atual administração. Na última semana, cidadãos pró e contra o PT se enfrentaram nas ruas de São Paulo, depois que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi conduzido coercitivamente para prestar depoimento na Operação Lava-Jato. Os embates aconteceram em diferentes pontos da cidade.
A preocupação da PF é ainda maior porque o clima de tensão cresceu mais alguns decibéis depois que o Ministério Público de São Paulo pediu, na sexta-feira, a prisão preventiva do presidente Lula, denunciado por ele por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Líderes petistas, entre eles a presidente Dilma Rousseff, puseram água na fervura pedindo a suspensão de qualquer manifestação no domingo em defesa do líder político, como forma de prevenir a violência nas ruas que têm sido uma marca dos movimentos populares.
Críticas e apoio ao governo
O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, pediu ontem que os grupos pró-governo não saiam às ruas amanhã para evitar risco de confronto. Ele afirmou que a presidente Dilma Rousseff (PT) precisa voltar a priorizar pautas sociais para reconquistar o apoio dos movimentos que ajudaram sua reeleição. Stédile criticou também a reforma da Previdência e a mudança na legislação que trata do pré-sal e permite a participação de empresas estrangeiras na exploração do combustível em território nacional. No entanto, o líder do MST atacou os movimentos pró-impeachment, que, segundo ele, podem desestabilizar o país. “Não podemos aceitar um golpe. Seria a quebra das regras democráticas. Criticamos o governo de Geraldo Alckmin (PSDB-SP), mas respeitamos que ele foi eleito. Criticamos o governador Sartori (PMDB-RS), mas também respeitamos seus votos”, avaliou.