Brasília, 14, 14 - O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou nesta segunda-feira, 14, que uma parte do PMDB articula com a oposição um "acórdão" para retirar o mandato da presidente Dilma Rousseff e ainda "abafar" as investigações realizadas pela Operação Lava Jato. Em entrevista e no plenário do Senado, o petista disse que o impeachment de Dilma não tem base política e jurídica e criticou duramente um eventual governo comandado pelo hoje vice-presidente e presidente do PMDB, Michel Temer, que seria prejudicial aos trabalhadores.
"O governo Temer não resolve crise alguma, seria um governo fraco também e que tem um programa econômico de retirada de conquistas, de direito de trabalhadores, ele está lá na 'Ponte para o Futuro' (documento lançado pelo PMDB em novembro)", afirmou Lindbergh. "Vamos discutir com os trabalhadores o perigo que é um programa. Vamos politizar isso sim. Um governo do Temer, com aquele programa, eu diria que é um desastre para o trabalhador brasileiro", acusou.
O senador do PT defendeu que o PMDB, em especial o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), precisa ter muita responsabilidade nesse momento de crise. Lindbergh disse custar a acreditar que haverá a adesão em bloco dos peemedebistas às teses do impeachment. Ele ressaltou que os manifestantes que participaram dos protestos no domingo não estavam lá para colocar Temer na Presidência da República.
O petista disse que o programa defendido pelos peemedebistas foi considerado muito radical e "muito liberal" pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele citou o exemplo, que consta do Ponte para o Futuro, que se refere à desvinculação de todas as receitas, que poderá ter uma "consequência desastrosa" para Estados e municípios, e a possibilidade de acabar com a política de valorização do salário mínimo. "Isso é programa para golpe, porque ninguém com esse programa seria eleito presidente da República", criticou.
Para Lindbergh, usar as pedaladas fiscais, instrumento que foi utilizado pelos governo FHC e Lula, para cassar a presidente é uma "forçação de barra". Ele disse que o problema é real. "Para eles (oposição) afastarem a presidente e ter um impeachment, eles têm que rasgar a Constituição. Esse é o ponto", reclamou.
O senador do PT disse que, embora admita o tamanho das manifestações contra o governo, duas principais lideranças tucanas - o senador Aécio Neves (MG) e o governador Geraldo Alckmin (SP) - foram alvos de protestos. Segundo ele, a queixa contra a classe política é generalizada e, se fosse possível, o povo mandaria todos os eleitos embora.