PMDB vê relação "esfacelada" com o governo Dilma

Estado de Minas

Brasília - Eleito vice-líder do PMDB no sábado, o senador Romero Jucá (RR) disse que a relação do partido com o governo Dilma Rousseff está se “esfacelando”.

Em discurso nessa segunda-feira (14) na tribuna do Senado, ele também conclamou os políticos a trabalhar para construir uma “solução” para o país.

Jucá afirmou que a relação com o governo veio piorando ao longo do tempo. Ressaltou que chegou-se a cogitar uma reaproximação quando o vice Michel Temer foi chamado para a articulação política. Afirmou, porém, que não houve a parceria esperada. “Da eleição para cá, esse processo de entendimento e parceria foi se desconstruindo, se esfacelando. Alguns meses atrás foi dito que haveria uma reaproximação, que o Michel Temer ia coordenar a parte política e depois de algum tempo deu em água”, disse Jucá.

O vice do PMDB afirmou que “setores majoritários” do partido defendem o afastamento do governo e disse que o partido não pode ser culpado pela crise econômica e pela falta de articulação política. “O PMDB participa do governo, ajuda setorialmente, mas não tem ingerência na política econômica, que está destruindo o país, na condução política, que está desagregando a base. Temos hoje um momento de dificuldade, de relevância, existem setores do PMDB que defendem a continuidade do governo e existem setores majoritários que defendem o afastamento”, disse Jucá.

O peemedebista afirmou que diante das manifestações de domingo cabe aos políticos construir uma saída que atenda ao clamor popular.
“A gente não pode tapar sol com a peneira. O que ocorreu foi uma demonstração de que o Brasil quer uma solução. Se os políticos não tiveram competência de construir essa solução ela virá independente da política”, afirmou. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) destacou como positiva a decisão do PMDB de esperar até 30 dias para decidir sobre o rompimento. Ele afirmou que o partido é o principal ator da política nacional. “O PMDB é o centro de gravidade da política do Brasil. Essa é a verdade. E continuará sendo se continuar sendo conduzido com sabedoria e equilíbrio — afirmou o tucano.

MANIFESTAÇÕES Em entrevista após o discurso, o senador comentou também as manifestações de domingo (13), onde políticos, como o senador Aécio Neves, foram vaiados. Para Jucá, a manifestação não foi partidária e nenhum político deve minimizar o impacto dos protestos. “Não se deve minimizar o tamanho das manifestações. Pelo contrário, deve-se respeitar e qualificar a manifestação da população. A manifestação de ontem (domingo) não foi partidária, não é a favor de nenhum partido e nenhum candidato. Ela foi contra o que está aí de errado.
Ela apoia investigação, mudanças sociais e econômicas, mudanças no emprego, então a população está dizendo com o que não está satisfeita. Foi uma catalização de aspectos negativos. De protesto, de raiva. Qualquer manifestação contra individualmente uma pessoa, um fato isolado, não tem que ser levado em conta e nem ser potencializado. Não estamos discutindo aqui participações partidárias”, disse Jucá.

Para ele, a oposição ajudou a mobilizar. “A participação da oposição foi importante no momento em que ajudou a mobilizar. Mas essa não foi uma manifestação de nenhum partido de oposição. Essa foi uma manifestação de brasileiros indignados querendo mudanças para o Brasil”, disse ele.

 

.