Brasília - Eleito vice-líder do PMDB no sábado, o senador Romero Jucá (RR) disse que a relação do partido com o governo Dilma Rousseff está se “esfacelando”. Em discurso nessa segunda-feira (14) na tribuna do Senado, ele também conclamou os políticos a trabalhar para construir uma “solução” para o país.
O vice do PMDB afirmou que “setores majoritários” do partido defendem o afastamento do governo e disse que o partido não pode ser culpado pela crise econômica e pela falta de articulação política. “O PMDB participa do governo, ajuda setorialmente, mas não tem ingerência na política econômica, que está destruindo o país, na condução política, que está desagregando a base. Temos hoje um momento de dificuldade, de relevância, existem setores do PMDB que defendem a continuidade do governo e existem setores majoritários que defendem o afastamento”, disse Jucá.
O peemedebista afirmou que diante das manifestações de domingo cabe aos políticos construir uma saída que atenda ao clamor popular. “A gente não pode tapar sol com a peneira. O que ocorreu foi uma demonstração de que o Brasil quer uma solução. Se os políticos não tiveram competência de construir essa solução ela virá independente da política”, afirmou. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) destacou como positiva a decisão do PMDB de esperar até 30 dias para decidir sobre o rompimento. Ele afirmou que o partido é o principal ator da política nacional. “O PMDB é o centro de gravidade da política do Brasil. Essa é a verdade. E continuará sendo se continuar sendo conduzido com sabedoria e equilíbrio — afirmou o tucano.
MANIFESTAÇÕES Em entrevista após o discurso, o senador comentou também as manifestações de domingo (13), onde políticos, como o senador Aécio Neves, foram vaiados. Para Jucá, a manifestação não foi partidária e nenhum político deve minimizar o impacto dos protestos. “Não se deve minimizar o tamanho das manifestações. Pelo contrário, deve-se respeitar e qualificar a manifestação da população. A manifestação de ontem (domingo) não foi partidária, não é a favor de nenhum partido e nenhum candidato. Ela foi contra o que está aí de errado. Ela apoia investigação, mudanças sociais e econômicas, mudanças no emprego, então a população está dizendo com o que não está satisfeita. Foi uma catalização de aspectos negativos. De protesto, de raiva. Qualquer manifestação contra individualmente uma pessoa, um fato isolado, não tem que ser levado em conta e nem ser potencializado. Não estamos discutindo aqui participações partidárias”, disse Jucá.
Para ele, a oposição ajudou a mobilizar. “A participação da oposição foi importante no momento em que ajudou a mobilizar. Mas essa não foi uma manifestação de nenhum partido de oposição. Essa foi uma manifestação de brasileiros indignados querendo mudanças para o Brasil”, disse ele.