Caiado disse que o STF, quando prendeu Delcídio, usou o argumento de que houve tentativa de obstrução das investigações da Operação Lava Jato por parte do senador do PT. Para ele, a gravação deixou claro que o objetivo de Mercadante foi dificultar que a Justiça tivesse acesso às provas e, por isso, o tratamento ao ministro não pode ser "um milímetro" diferente ao dado a Delcídio.
"O que o assessor fez foi gravar a conversa. Ninguém prendeu o filho do Cerveró, então vamos colocar as coisas no seu devido lugar. Não é diferente. Ele tem um foro diferenciado como se tem um senador da República. O que precisamos neste momento é encarar esse fato como sendo então uma rotina que se aplicará a todos independente de ser senador, ministro, qualquer autoridade política do país", disse Caiado, citando o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
Para o senador do DEM, a homologação pelo STF da delação de Delcídio será apensada ao pedido de impeachment que tramita na Câmara. Ele afirmou que essa inclusão vai dar "mais substância" ao pedido por se tratar de, em sua avaliação, uma "prova objetiva" de que houve o envolvimento das estruturas de governo nas gestões Lula e Dilma.
O líder do Democratas referiu-se a um suposto trecho da delação de Delcídio em que ele implicou Dilma ao afirmar que ela indicou um ministro do Superior Tribunal da Justiça (STJ) numa tentativa frustrada de livrar da cadeia dois presos da Lava Jato, os empreiteiros Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo, da Andrade Gutierrez. Dilma nega as acusações.
Caiado, entretanto, disse que não poderia agir com "achismo" sobre se Mercadante agiu a mando de Dilma. O senador Alvaro Dias (PV-PR) afirmou que isso ficou "subentendido" dos diálogos entre o assessor de Delcídio e o ministro da Educação. Defensor do afastamento da petista, ele disse que, embora não caiba a alguém da oposição pedir a presidente que demita um ministro, se Dilma se sente "parceira neste ato" é ela quem deve se demitir a si própria.
Alvaro Dias considera que, se Lula assumir mesmo o cargo de ministro, acabará a gestão Dilma e se iniciará o terceiro mandato do ex-presidente. O senador classificou a iniciativa, se ocorrer, de escárnio, desvio de finalidade e tentativa de fuga da "caneta competente" do juiz Sérgio Moro, responsável na primeira instância pela Lava Jato. Para ele, Lula não terá "vida fácil" no Supremo, foro competente para julgar ministros, porque os tempos mudaram..