Brasília, 15, 15 - O vice-presidente Michel Temer foi citado pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS) como responsável pela indicação de um diretor da BR Distribuidora que fez aquisições de etanol de forma ilícita. O caso consta nos depoimentos feitos sob acordo de delação premiada do senador tornada pública nesta terça-feira, 15, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com Delcídio, Temer foi responsável pela indicação de João Augusto Henriques para a companhia estatal no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Já a compra ilegal de álcool teria ocorrido entre 1997 e 2001. Na oportunidade, Temer era deputado federal e ocupava a presidência da Câmara.
"Augusto Henriques foi diretor na BR Distribuidora entre 1998 e 2000; Que a diretoria de João Henriques tinha, entre outras atribuições, a compra de etanol e, por conta disso, mantinha relação estreita com usineiros; que a gestão de João Augusto Henriques foi polêmica", disse Delcídio.
Ainda segundo Delcídio, Henriques acabou demitido da BR Distribuidora. Entre 2007 e 2008, contudo, ele voltou a ser cotado para outro posto na Petrobras, o de diretor da área internacional, cargo que pertencia a Nestor Cerveró. Ele, porém, teve o nome vetado pela então ministra Dilma Rousseff.
"Que João Augusto Henriques foi cotado para ser Diretor da Diretoria Internacional da Petrobras, em 2007 ou 2008, com o apadrinhamento de Michel Temer", registra o depoimento de Delcídio.
Ainda segundo o senador, como o nome de Henriques foi vetado, Jorge Zelada acabou ficando com a vaga e Michel Temer acabou sendo seu padrinho: "Que João Augusto Rezende Henriques indicou Jorge Zelada, Que Jorge Zelada foi chancelado por Michel Temer e pela bancada do PMDB".
Outro lado
Temer informou, por meio de sua assessoria, que sequer conhecia João Augusto Henriques quando ele foi nomeado para a BR Distribuidora. A informação de que seria o "padrinho" do operador, sustenta o vice-presidente, é falsa. Temer alega que, no governo Lula, a indicação de João Augusto foi da bancada do PMDB mineiro, e não dele.
A reportagem telefonou para a assessoria do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que ainda não retornou.