Após a divulgação do teor das conversas, ocorridas em dezembro, quando o ex-líder do governo Dilma Rousseff estava preso, Mercadante alegou que procurou Marzagão por iniciativa "pessoal" para dar apoio ao ex-colega de bancada no Senado.
Para Marzagão, Mercadante o procurou como se estivesse em uma "missão" envolvendo o governo - o Palácio do Planalto negou envolvimento com o caso em nota emitida ontem.
"Não vejo outra maneira de entender isso. Uma pessoa que é conhecida por todos em Brasília como intransigente, arrogante, além de desafeto do senador Delcídio, me chamar no gabinete de ministro de Estado, sendo uma pessoa de confiança da presidente, não tem como acreditar em papo de solidariedade", disse o assessor do parlamentar. "Ele estava exercendo missão. É o que eu posso deduzir."
O assessor rebateu Mercadante ao negar ter "conduzido" a conversa, como se houvesse premeditação para comprometer o ministro da Educação. "É só pegar a transcrição e o áudio da conversa. Dos 100%, eu falo 10%. Não induzi absolutamente nada", afirmou Marzagão.
"Ele falou comigo porque eu conheço a secretária dele desde a CPMI dos Correios (que investigou o escândalo do mensalão, em 2005)", contou.
Marzagão considera que a delação de Delcídio, homologada na segunda-feira, 14, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, pode ser um "catalizador" para um desfecho da atual crise política do País. "Ele sedimenta essa situação que já estava posta. Por outro lado, abrevia qualquer solução que tivesse que ser tomada", disse.
O assessor, que trabalha com Delcídio desde 2004 e disse não ser filiado a nenhum partido, admitiu ter receio por sua segurança. "As coisas no Brasil estão de uma forma que a gente tem que procurar se resguardar além do normal. Confesso que eu fico um pouco temeroso.".