O grampo telefônico feito pela Polícia Federal (PF) com a conversa entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi feito duas horas depois do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, ter determinado a suspensão das interceptações telefônicas sobre Lula. A informação é do portal Uol de Notícias.
Segundo o site, em despacho às 11h12 desta quarta-feira, Moro determina que a PF seja comunicada da decisão "com urgência, inclusive por telefone". Neste despacho, Moro disse não haver mais necessidade de interceptar ligações, pois as ações de busca e apreensão da 24ª fase da Lava-Jato já tinham sido realizadas.
Às 11h44, em outro despacho, a diretora de Secretaria da 13ª Vara Federal de Curitiba Flavia Cecília Maceno Blanco escreve que informou um delegado da PF sobre a decisão de Moro.
"Certifico que intimei por telefone o delegado de Polícia Federal, Dr. Luciano Flores de Lima, a respeito da decisão proferida no evento 112", diz o documento. O evento 112 refere à decisão de interromper as interceptações telefônicas do ex-presidente.
Em nota, a Polícia Federal informou que foram interceptadas ligações após a notificação à companhia telefônica e que o relatório foi enviado ao juiz Moro.
A conversa entre Lula e Dilma foi gravada pela Polícia Federal às 13h32, segundo consta em relatório encaminhado ao juiz. No diálogo, Dilma informa a Lula que está enviando a ele o "termo de posse" para que ele utilize o documento "em caso de necessidade".
Luciano Flores de Lima, o delegado que foi avisado pela manhã do fim do grampo, é o que manda juntar nos autos o áudio feito às 13h32. Também é o mesmo que interrogou Lula no dia 4 deste mês.
A interpretação da força-tarefa envolvida na operação Lava-Jato é de que Lula foi nomeado ministro como forma de escapar de um suposto pedido de prisão feito pelo juiz Sérgio Moro. Como ministro, Lula só poderia ser preso por ordem do Supremo Tribunal Federal.