Ele afirmou ainda que Lula não buscava recursos para seu instituto "por ser mais político" e disse ter procurado a empreiteira OAS para que a empresa "apoiasse" o aluguel de um galpão para armazenar parte dos bens recebidos por Lula na Presidência.
Em 14 páginas, Okamotto dá detalhes sobre o funcionamento do instituto e da empresa de palestras do ex-presidente, que tem apenas ele e Lula como sócios. Ainda segundo ele, o petista nunca atuou em favor do governo para empreiteiras que contribuíram para o instituto, pois, segundo Okamotto, as doações "possuíam finalidades específicas" para os programas e projetos da entidade.
Ainda de acordo com Okamotto, o Instituto Lula movimenta de R$ 6 milhões a R$ 7 milhões por ano, valores arrecadados por ele por meio de transferências ou depósitos bancários junto às grandes empreiteiras que são investigadas por envolvimento no esquema de corrupção na Operação Lava Jato. A versão de Okamotto vai de encontro ao depoimento do próprio Lula, que, diante dos investigadores da Lava Jato, negou ter atuado para buscar recursos e mesmo tratar do dinheiro para sua entidade.
Sítio
O presidente do instituto afirmou ainda que frequentou "8 ou 10 vezes" o sítio em Atibaia, que, segundo ele, é uma chácara "que o pessoal compartilha", disse aos investigadores da Lava Jato.
O imóvel, que recebeu reforma de empreiteiras investigadas por terem participado do esquema de corrupção na Petrobras, pertence aos empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna e está na mira da Lava Jato, que suspeita que o ex-presidente Lula seja o verdadeiro dono do local. Okamotto ainda disse que foi ao local há um mês atrás "combinar alguma coisa" com Lula. Na ocasião também estavam lá a mulher do ex-presidente, Marisa Letícia, e Fernando Bittar, segundo Okamotto.
O presidente do Instituto Lula ainda disse ter conhecido o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, apenas em eventos sociais na casa do ex-presidente e negou manter relacionamentos profissionais com ele.
Okamotto também disse não ter conhecimento sobre as obras do tríplex do Guarujá que os investigadores atribuem ao ex-presidente e que foi reformado por grandes empreiteiras, bem como alegou não conhecer nenhum dos ex-diretores da Petrobras presos pela Lava Jato e que foram indicados para as diretorias da Petrobras durante o governo Lula..