Os diálogos sobre o sítio - que Lula admite usar, mas nega ser seu - foram interceptados entre 20 e 27 de fevereiro. Num deles, cujo teor foi resumido pela PF, o próprio Lula avisa um de seus auxiliares que precisa das chaves, pois vai chegar tarde. "Tais indícios sugerem que o sítio, de fato, seja da família de LILS (Luiz Inácio Lula da Silva), pois a chave do mesmo não fica com Fernando Bittar e Jonas Suassuna (outro proprietário), mas com LILS e seus filhos", registra relatório da PF.
Em outra conversa, Kalil questiona Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho mais velho do ex-presidente: "Vou ver se convenço o Fabiano a vir para cá. Tenho sua autorização para isso?" "Você tem autorização para tudo, meu amor", assentiu Fábio.
Os dois discutem detalhes, como os cortes de carne para passar o dia na piscina. Ao chegar em Atibaia, Kalil liga novamente para Fábio Luís e diz que está com dificuldades para contatar o caseiro Maradona, que estava lavando os pedalinhos dos netos de Lula.
Em relatório sobre as ligações, a PF diz causar "estranheza" um irmão do proprietário oficial do sítio pedir permissão para usar as dependências. Durante a estadia, Kalil liga para a mulher de Fábio Luís e faz vários comentários sobre a casa da "acumuladora chamada Marisa Letícia". Conta ter feito uma "limpa" na geladeira, repleta de comida vencida, a exemplo de um "hamburguesinho" fabricado "antes da eleição" da presidente Dilma Rousseff.
"Estou com a equipe de segurança, eu, Maradona, umas três galinhas que acho que não venceram. Acho que eu fiz uma merda: abri um vinho que tem número de série", confessou. O "hóspede" diz ter espiado o quarto da família, descobrindo que a "arma" que o presidente tem "é uma lanterna". "Se você olhar para cima do guarda-roupa, só tem roupão… Estou muito seguro com os equipamentos de segurança do presidente, uma lanterna", ironizou.
"Traz ovos, rúcula e vem aqui para São Bernardo", disse Renata.
O sítio está no centro das investigações da Operação Lava Jato. A suspeita é de que o ex-presidente oculte ser o verdadeiro dono na propriedade, reformada por empreiteiras acusadas de desviar recursos da Petrobrás. O petista diz que frequenta o Santa Bárbara, mas sustenta não ser o dono..