Para Cunha, o fato de Mauro Lopes ter assumido a pasta, mesmo ciente da moção do partido, é um problema de "natureza pessoal". "Agora, o governo nomear ministro do PMDB com a decisão da comissão é um desrespeito ao partido. Com a consciência dessa decisão do PMDB, o governo faz uma afronta ao PMDB com a nomeação", afirmou. Na avaliação dele, por conta dessa "afronta", o presidente nacional do PMDB e vice-presidente da República, Michel Temer, não compareceu à posse de Lopes hoje no Planalto.
O presidente da Câmara voltou a pregar o desembarque imediato de seu partido do governo Dilma. Ele defendeu que o diretório nacional marque para a semana que vem a reunião para votar a saída ou não do governo. "Não dá para a gente ficar só com aviso prévio, acho que o PMDB tem de decidir", afirmou. Como mostrou mais cedo o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a cúpula do PMDB já decidiu que adiantará essa reunião para o dia 29 de março.
Cunha fez questão de ressaltar que sua defesa pelo desembarque do PMDB do governo era feita antes de ele autorizar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara. Para o peemedebista, seu partido não deve estar associado com o programa de governo e a forma de governar da presidente. "Acho que o PMDB tem de ficar fora, sair do governo, tem de entregar os ministérios e atuar com independência nas matérias que são para o bem do País", disse.
Questionado, o presidente da Câmara evitou comentar a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil, no lugar de Jaques Wagner. Cunha afirmou que é um direito da presidente Dilma nomear "quem ela quiser", assim como é direito de Lula aceitar o cargo oferecido. O peemedebista também disse que não comentaria trecho de conversa telefônica do ex-presidente divulgada ontem, no qual Lula chama Cunha e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) de "fodidos"..