A Presidência da República quer investigar em que circunstância foi feita a gravação do telefonema entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na tarde da quarta-feira, 16, quando ela informou a ele que estava enviando o termo de posse para que fosse usado "em caso de necessidade". O governo quer investigar também a ligação gravada pela Justiça entre o então ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, e o presidente do PT, Rui Falcão, feita a partir do Instituto Lula, que está sob investigação da Operação Lava Jato.
Dilma e seus ministros querem verificar também a qualidade da segurança dos telefones da Presidência. Assessores palacianos temem até que existam escutas em suas salas e, em muitos casos, preferem conversar nos corredores, ao invés de em seus gabinetes. Por isso, o governo vai verificar a possibilidade de instalar um reforço de segurança nas linhas telefônicas do Planalto, assim como quer fazer uma nova varredura dos gabinetes do Palácio.
Este assunto foi objeto de discussão da presidente Dilma com os ministros Jaques Wagner, agora na chefia de gabinete presidencial, e Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo, em reunião no Palácio da Alvorada, após regresso da viagem de Dilma à Bahia nesta sexta-feira, 18. No discurso de posse dos novos ministros, na quinta-feira, a própria presidente Dilma já havia questionado a gravação feita em seu telefone, que classificou como "absurda" e "ilegal". A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), subordinada à Secretaria de Governo, deverá ser acionada para ajudar na proteção dos telefones do Planalto.
Assessores do Planalto questionam a privacidade das ligações feitas pela presidente Dilma, seus ministros e assessores, seja em telefones celulares, seja em fixos. No caso do telefonema entre Jaques Wagner e Rui Falcão, dois telefones fixos teriam sido usados pelos dois lados para as conversas. Apesar do questionamento do Planalto em relação a isso, de acordo com a Justiça, a gravação teria sido feita porque o aparelho do Instituto Lula está sendo investigado pela Polícia Federal. Além dos telefones e ambientes, há também preocupações com a segurança dos e-mails e até do aplicativo de mensagens WhatsApp, usados pelos funcionários do Palácio.
Além da investigação que o governo quer fazer sobre o grampo, o Planalto não para de se queixar do que consideram "séria violação" aos telefones da presidente e de ministros, além de criticar, com veemência, a divulgação das gravações "ilegais" das conversas. Em nota, o ministro Jaques Wagner disse que considera "muito estranha a divulgação de gravação de conversa privada" que manteve com o presidente do PT, Rui Falcão, "ainda mais a tentativa de gerar interpretação desvirtuada de minhas palavras e do diálogo mantido".