Brasília, 18 - Marcelo Lavènere, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na época do impeachment do ex-presidente Fernando Collor, pediu bom senso e cautela da entidade ao decidir se apoiará a cassação do mandato da presidente Dilma Rousseff. Ele voltou a dizer que não se sente totalmente convencido com o pedido que tramita na Câmara porque afirma haver clima de "revanchismo" da oposição no processo.
Lavènere também criticou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que aceitou o pedido formulado pelos advogados Miguel Reale Jr. e Hélio Bicudo. "Quem admitiu esse processo foi uma pessoa cujo gesto é maculado pelo revanchismo, para aquilo que há de pior, que é o atual presidente da Câmara. Tenho certeza que nenhum de vocês se sente confortável em ver alguém cuja condição de réu já se estabeleceu no STF encabeçando esse pedido".
Outro ex-presidente da ordem, o advogado Reginaldo Oscar de Castro, um dos advogado de Cunha em um dos processos da Lava Jato que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF), discordou de Lavènere. "O Fiat Elba do Collor, o crime que ele cometeu naquela época, não era um BNDES, não era uma Petrobras. Imagine que há 13 anos estávamos entregando a esses responsáveis a nossa pátria", afirmou em plenária puxando aplausos dos colegas.
Em 1992, Lavènere, em nome da ordem, apoiou o afastamento de Collor. Agora, ele afirma que a situação é diferente. "Naquela época, não havia uma disputa entre governo e oposição. Os partidos que apoiavam Collor queriam que se apurasse. As ruas eram contra ele, e não havia nenhuma manifestação a favor", afirmou. Segundo ele, o parecer da OAB não deve ter influência político-partidária nem religiosa.
Os presidentes das seccionais da OAB e os 81 conselheiros que representam os 27 Estados brasileiros e o DF estão reunidos desde a manhã desta sexta-feira para decidir se encampam ou não o pedido contra a presidente. O relator do conselho federal sobre o assunto, Érick Venâncio, do Acre, defendeu que a entidade apoie o impeachment da presidente.