Brasília – Com 66 parlamentares presentes, o plenário da Câmara dos Deputados atingiu nesta sexta-feira o quórum para iniciar a sessão deliberativa e já conta como a primeira das 10 sessões em plenário estipuladas para a presidente Dilma Rousseff apresentar sua defesa aos parlamentares.
No início da semana, Cunha combinou com partidos de oposição que, para acelerar o processo do impeachment, convocará sessões todos os dias da semana. Segundo ele, “é bom para todo mundo que esse processo seja mais rápido”. Cunha defende que o país precisa conhecer “uma nova agenda além do impeachment”.
O presidente da Câmara minimizou, assim como tem sido reiterado por membros da oposição e do governo, a importância da comissão do impeachment. “O parecer da comissão é uma etapa de passagem (...). Independentemente da decisão do colegiado, o plenário vai se manifestar ao fim e é ele que vai decidir a abertura ou não do processo de impeachment.
Na terça-feira, Cunha tentará votar em plenário o projeto que regulamenta o teto salarial do funcionalismo e discutirá, com os partidos, a divisão das comissões permanentes. Segundo o presidente da Câmara, a intenção é já instalar e eleger os presidentes, para que as comissões funcionem depois da semana santa. Até agora nenhuma está em funcionamento e os trabalhos estão paralisados porque Cunha argumentou com os líderes que era preciso aguardar o julgamento do rito do impeachment. A não instalação beneficia Cunha, que tem recursos na Comissão de Constituição e Justiça para tentar barrar o andamento do processo por quebra de decoro dele no Conselho de Ética da Casa.
Para o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), o processo de impeachment chegará ao Senado em, no máximo, 40 dias. É o Senado que faz o julgamento efetivamente do impeachment e que, instaurando o processo, promove o afastamento da presidente por até 180 dias. Ontem, Aécio se reuniu com os integrantes do PSDB que integram a comissão da Câmara que discute o impeachment.
REQUERIMENTOS Menos de 24 horas após a instalação da comissão especial do impeachment na Câmara, a oposição já protocolou 32 requerimentos, entre convites e convocações. DEM, Solidariedade, PPS, PSB e até o PRB, recém-saído da base governista, propõem a convocação do atual ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o convite para que a presidente Dilma Rousseff vá se explicar pessoalmente aos parlamentares.
Na lista das propostas de convite estão, além da petista, o juiz da Operação Lava-Jato Sérgio Moro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula, o delegado-geral da PF Leandro Daiello, o procurador da República Deltan Dallagnol e o presidente da OAB, Claudio Lamachia. Há pedido para convidar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki.
Inicialmente, o pedido de afastamento da presidente Dilma se baseou em suposto crime de responsabilidade fiscal pelas chamadas “pedaladas fiscais” de 2014 e 2015. Por causa dessa acusação, os oposicionistas propõem audiência com os autores do pedido de impeachment, os juristas Hélio Bicudo, Janaína Paschoal e Miguel Reale Júnior. Também pedem que sejam convidados o procurador do Tribunal de Contas da União (TCU), Júlio Marcelo de Oliveira, o relator das pedaladas de 2014 no TCU, ministro Augusto Nardes, o ex-presidente da Caixa Jorge Hereda, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, o ex-secretário do Tesouro Nacional Arno Augustin, o ex-presidente do Banco do Brasil e atual presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, o subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, Jorge Messias, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, além de representantes dos movimentos pró-impeachment.
A lista de pedidos de convocação é encabeçada pelo ex-presidente Lula, pelo ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Luiz Navarro de Brito, e inclui o atual presidente do Banco do Brasil, Alexandre Correia Abreu, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, a atual presidente da Caixa, Miriam Belchior, o atual secretário do Tesouro Nacional, Otávio Ladeira Medeiros, e a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campelo.
Assessor é demitido
Por decisão do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), o Senado demitiu ontem José Eduardo Marzagão, assessor do senador Delcídio do Amaral (MS) que gravou conversa com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, na qual ele se oferece para ajudar o parlamentar petista. A demissão foi publicada no Diário Oficial da União. Segundo assessores, Renan considerou que houve quebra de confiança.
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