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Estado de Minas

Lula faz "comício" de defesa na Avenida Paulista

Em discurso, ex-presidente evita ataques à Lava-Jato e reafirma que aceitou ser ministro para ajudar o governo Dilma Rousseff a estabilizar o país


postado em 19/03/2016 06:00 / atualizado em 19/03/2016 07:36

Brasília – O receio de que os atos contrários ao impeachment organizados na Avenida Paulista, em São Paulo, pudessem transbordar em violência, especialmente por contar com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi rechaçado pela própria estrela das manifestações. Em um discurso de pouco mais de meia hora, Lula, que chegou ao ato por volta das 19h, disse que “foi só entrar no governo” que voltou a ser o “Lulinha paz e amor”. E completou: “Não acho que quem não gosta de nós é menos brasileiro. Eu quero que a gente aprenda a conviver de forma civilizada com nossas diferenças. A democracia é a convivência da diversidade”.

Diferentemente do discurso contra a Operação Lava-Jato revelado pelas escutas telefônicas, Lula não fez qualquer ataque ao Judiciário ou às interceptações que elevaram o tom da crise a decibéis insuportáveis. Disse que aceitou ser ministro da Casa Civil para ajudar Dilma Rousseff a governar. “Eu entrei para ajudar a presidente Dilma porque acho que a gente tem que reestabelecer a paz para provar que este país é maior que qualquer crise no planeta Terra, que vai crescer e sobreviver”, afirmou. Falou, em diversos momentos, que “não vai ter golpe” e que democracia é “acabar o governo dado pelo voto da maioria do povo brasileiro”, completou.


Lula faz uma comparação entre os manifestantes que lotaram a Paulista ontem com os milhares que invadiram as ruas brasileiras no domingo. “Eles vestem roupa amarela e verde para dizer que são mais brasileiros que nós. O sangue deles é vermelho como o nosso. Eles não são mais brasileiros que nós. Eles são um tipo de brasileiro que gostaria de ir para Miami para fazer compras e nós compramos na 25 de março”, disse o ex-presidente.

O petista disse que a manifestação na Avenida Paulista é uma demonstração da capacidade de mobilização do povo brasileiro. E exaltou o fato de os protestos terem transcorrido em clima de tranquilidade. “Achei muito engraçado que vários setores disseram que nós éramos violentos. Tem gente que prega violência contra nós 24 horas por dia”, reclamou. O ex-presidente lembrou que perdeu as eleições de 1989, 1994, 1998 para presidente e em 1982, para o governo de São Paulo. “Nunca fui para a rua protestar contra quem ganhou. Eles acreditaram que iam ganhar. Quando Dilma ganhou, eles não aceitaram o resultado e tem 1 ano e 3 meses que estão atrapalhando a presidente Dilma de governar esse país.”

E completou: “Temos de recuperar a alegria de ser brasileiro e não antecipar as eleições tentando dar um golpe em Dilma. Lutamos para recuperar a democracia e derrotar a ditadura. Não vamos aceitar um golpe nesse país”. Ele também pediu aos presentes na Avenida Paulista para levantar a mão que ele tiraria uma foto para, na terça-feira, mostrar a Dilma que “São Paulo não tem só notícia negativa e que não vai ter golpe”.

Tropa de choque Pela manhã, a tropa de choque da Polícia Militar teve de expulsar manifestantes que estavam na Avenida Paulista há 40 horas protestando contra o governo da presidente Dilma Rousseff. A corporação negociou a saída deles, mas os pró-impeachment, que estavam acampados em frente à sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), se recusaram a deixar o local. A Tropa de Choque passou a usar jatos de água e bombas de efeito moral para dispersar a multidão. Os manifestantes também picharam trechos da ciclovia da Avenida Paulista com frases contra o governo, Lula e Dilma.

No domingo, quando manifestantes pró-impeachment ocuparam a Paulista, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo proibiu a presença de simpatizantes do governo, para evitar confrontos. A mesma exigência foi feita agora, já que o ato pró-governo havia sido marcado antes da ocupação da avenida por opositores do Planalto. Símbolo da gestão do petista Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo, as ciclovias acabaram alvo de protestos.

A via foi pichada em dois trechos próximos à estação de metrô Trianon-Masp e ao prédio da Fiesp, local de maior concentração dos manifestantes contra Lula e Dilma. Em um ponto da ciclovia, foi escrito com tinta branca: “Fora Lula”. Metros depois, um segundo trecho foi pichado com a frase: “A ciclovia mais cara do mundo”. A via para ciclistas foi inaugurada no dia 28 de junho de 2015. Horas antes da sua liberação, um trecho chegou a ser manchado com tinta azul. A Prefeitura de São Paulo informou que vai repintar a ciclovia, mas não deu previsão de data ou custo.

 

 

 

 


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