Brasília – O PT escalou nomes de peso do partido, incluindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para impulsionar manifestações contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff em pelo menos 22 estados. Levou, segundo os organizadores, 1,3 milhão de pessoas (275 mil nas contas da Polícia Militar) às ruas em resposta à marcha de domingo, quando 3,6 milhões de brasileiros pediram o afastamento da petista. Os atos contaram com a participação de movimentos sociais e sindicais, e partidos de esquerda, como o PT, o PCdoB e o PCO. No maior deles, na capital paulista, os organizadores estimaram em 350 mil pessoas os participantes (80 mil, segundo a polícia), que ocuparam 11 quarteirões da Avenida Paulista.
As manifestações foram registradas em 21 capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Manaus, Florianópolis, Recife, João Pessoa, Salvador, Aracaju, Natal, Fortaleza, Maceió, Belém, Teresina, Belo Horizonte, Goiânia, São Luís, Palmas, Porto Alegre, Campo Grande, Macapá. Na capital paulista, eles se concentraram no trecho da Avenida Paulista que vai da Rua da Consolação até a Avenida Brigadeiro Luís Antônio. As pessoas que participaram do ato vestiam, predominantemente, camisas vermelhas e exibiam cartazes com frase de apoio a Dilma e Lula. Muitas seguravam balões vermelhos e balançavam bandeiras de movimentos sociais e sindicatos.
O ato foi comandado por líderes dos movimentos em cima de um caminhão posicionado em frente ao Parque Trianon. Os discursos focavam em palavras a favor da democracia e contra o que os manifestantes chamam de “golpe”. Os discursos foram intercalados com músicas de artistas brasileiros, entre eles Chico César. Cercado de seguranças, Lula foi recebido, por volta das 19h, aos gritos de “Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula”. Também estiveram presentes o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad; o presidente nacional do PT, Rui Falcão; e o secretário de Relações Institucionais da Prefeitura de São Paulo, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha.
Padilha minimizou o fato de a manifestação ter tido menor apelo em relação à de domingo. “Não viemos disputar número”, disse. Ele argumentou que a manifestação de domingo contou com a “mobilização da Globo” e metrô de graça – o Metrô (Companhia do Metropolitano de São Paulo) desmentiu a afirmação. Segundo Padilha, a oposição “chocou o ovo da serpente da intolerância” e “não tem uma liderança para construir um projeto de país.”
O juiz federal Sérgio Moro, que foi tratado como herói nas manifestações contrárias ao governo, virou vilão ontem. Alguns manifestantes exibiam imagens nas quais chamam Moro de golpista. Vendedores ambulantes que também estiveram no protesto contrário ao governo no domingo lamentam as vendas mais fracas no ato de ontem. Alguns chegaram a abaixar o preço.