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Estado de Minas

De fora dos protestos: o que pensa quem não foi às manifestações?

Combate à corrupção e a esperança na renovação política são desejos de brasileiras e brasileiros que não ocuparam as ruas


postado em 19/03/2016 12:47 / atualizado em 19/03/2016 13:08

Manifestações a favor do impeachment e contra o governo levaram muitas pessoas às ruas no domingo passado (13/03) . Outros protestos a favor da democracia e do Estado de Direito e contra o impeachment levaram muitos outros às ruas nessa sexta-feira (18/03). Apesar da polarização existente no país, com manifestantes dos dois lados ocupando as ruas em diferentes cidades, muita gente não se sentiu motivada a aderir a nenhum dos protestos.

É possível notar o acirramento das opiniões durante a entrevista com o vigilante Francisco Manuel. Apesar de não participar de nenhuma das manifestações, ele explicava que defende a saída da presidenta Dilma Rousseff da presidência, quando foi interrompido por um grito de “Dilma fica, Cunha sai!” (em referência à presidenta e ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha) . O diálogo aconteceu na Rodoviária do Plano Piloto de Brasília, a poucos metros do Museu da República, onde os manifestantes a favor do governo se concentravam na noite desta sexta.



Muitas pessoas dizem que não dá para ter um lado, pois há corruptos em todos os partidos. É o caso da estudante de nível médio Bárbara Elisabeth. “Eu acho que nem um lado se salva pra ser escolhido. Nenhum lado é bom. Eu acho que o sistema está errado”, diz. A estudante tem dificuldade em se informar por meio da imprensa sobre qual direcionamento político adotar. “Eu acho que a mídia monopoliza, escolhe só um lado e as pessoas na verdade não sabem o que está acontecendo, só o que a mídia disponibiliza pra elas”.



Corrupção enraizada e dificuldade de votar
O fato de a corrupção ser um problema histórico no Brasil também foi citado por quem não aderiu a nenhum dos lados de protesto. João José da Silva, que trabalha na construção civil como ajudante de carpinteiro, se diz indeciso e envergonhado por “tanta roubalheira”. “Isso já vem de longe, não é de agora. Eu, como cidadão brasileiro, entendo pouco de política. Mas pelo que a gente vê, não é de agora. Outro entra e acontece a mesma coisa, a gente fica desanimado, dá até vontade de não votar mais”, afirma, apesar de o voto no Brasil ser obrigatório.

Silva considera que a saída do atual governo não resolve a situação, mas torce pela melhora do país, seja qual for o desfecho da crise. “Se o partido tal sair e outro entrar, não vai ter melhora assim de imediato, não é da noite pro dia, mas a gente torce pra o que estiver (no poder) ou o próximo que entrar, se entrar, melhore pra todos nós”.



Maria dos Reis: na hora de votar é uma dificuldade terrível (foto: Creative Commons - CC BY 3.0 - Gustavo Gomes)
Maria dos Reis: na hora de votar é uma dificuldade terrível (foto: Creative Commons - CC BY 3.0 - Gustavo Gomes)


A melhora da economia e da situação do desemprego no país é uma das principais expectativas de Maria dos Reis. Ela está insatisfeita com o atual governo, mas acha que uma troca não resolveria o problema e se preocupa com o nível de desemprego. “É, o governo que tem melhorar. Hoje, do jeito que está, a tesourinha cortou demais, o que vai fazer com esse tanto de gente desempregada?” Ela também manifestou dificuldade de votar ou escolher um lado nas manifestações. “Não apoio nem sou contra. A gente nunca sabe quem vai fazer alguma coisa. Na hora de votar é uma dificuldade terrível”.

Para quem ainda não vota, ficar neutro frente a essas manifestações parece uma boa opção. É o caso do estudante de nível médio Marcelo Alves, que só vai ter direito a voto nas eleições de 2018. “Como sou menor de idade na próxima eleição que eu vou votar, então no momento ainda não tenho”.

Recomeçar do zero
Além da dificuldade de votar e do entendimento de que a corrupção é histórica no Brasil e está em diversos partidos, aqueles que não optaram por nenhum dos lados citam a necessidade refundar a política para que não haja mais desvios.

Luiz Carlos Alves: o povo quer mudança, mas os políticos não querem mudar (foto: Creative Commons - CC BY 3.0 - Gustavo Borges)
Luiz Carlos Alves: o povo quer mudança, mas os políticos não querem mudar (foto: Creative Commons - CC BY 3.0 - Gustavo Borges)

O sapateiro e engraxate Luiz Carlos Alves Correia diz que a corrupção é um problema enraizado no sistema político brasileiro mas que o povo não é assim e que o combate deveria ter começado há mais tempo. “Já virou costume (pensar) que roubar faz parte da cultura dos políticos, mas não da população brasileira. O brasileiro tem uma opinião de que tem que mudar, o povo quer mudança, mas os caras não querem mudar. Tinha que cortar o mal pela raiz desde quando começou lá no início, mas está enraizado”. Para ele, há erros políticos nos dois pontos de vista. “Tanto o lado do Aécio [Neves], que não concorda em ter perdido as eleições, quanto o lado do PT, que não quer entregar o país de mão beijada para a direita”.

A estudante Fernanda Vila Verde concorda e vê interesses partidários no pedido de impeachment. “Tanto o partido da oposição, que quer que tudo aconteça, quanto o partido que está no governo roubam. Então não tem sentido um que rouba sair pra outro que rouba entrar. Eu acho que deveria sair todo mundo, limpar todo mundo e colocar todo mundo numa escola pra uma conscientização de o que é democracia, o que é ser cidadão, o que é não ser corrupto, pra aí conseguir alguém que talvez desenvolva um bom pensamento com o próximo para governar”.

 

 


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