Ex-eleitor de Lula, mineiro faz greve de fome na Praça dos Três Poderes

Ex-eleitor de Lula, Luiz Lycarião faz greve na Praça dos Três Poderes - Foto: RODRIGO NUNES/ESP CB/D.A PRESS

O belo-horizontino Luiz Fernando Paiva Lycarião, de 31 anos, já teve muito orgulho de ser xará do ex-presidente Lula. “Em 2002, quando foi eleito, chorei de emoção. Vibrei. Eu era chato para defendê-lo, como fiz na época do mensalão”. Mas, desde quinta-feira, o professor de inglês iniciou uma greve de fome em protesto à decisão da maior liderança do Partido dos Trabalhadores em virar ministro-chefe da Casa Civil do governo Dilma. Luiz, o mineiro, está na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e só pretende encerrar o protesto quando o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidir sobre o mandado de segurança concedido por Gilmar Mendes em atendimento ao PSDB e PPS. A oposição alega que a posse foi uma artimanha para Lula ganhar foro privilegiado e escapar das investigações do juiz Sérgio Moro.


O ex- eleitor do PT começou a greve de fome na quinta-feira pela manhã, quando Lula tomou posse, mas a última vez que ele havia se alimentado foi às 22h30 de quarta. “Não tomo café da manhã.

Por isso não comi nada naquela quinta. Fui ao trabalho e resolvi pedir licença de um mês. Na própria quinta, viajei em meu carro para a capital federal. Estou ingerindo apenas água”, disse Lycarião, que mora no Barro Preto, na Região Centro-Sul da capital mineira.


O professor de inglês também é bacharel em direito. Formado numa das turmas de 2007 da PUC Minas, ele tem orgulho de ter sido aluno da ministra Cármen Lúcia, do STF: “Espero que a doutora vote contra a nomeação do ex-presidente”, acredita. A reunião que deverá analisar o mandado de segurança concedido por Gilmar Mendes está marcada para o dia 30, porque na semana que vem não haverá expediente na corte. “Não consigo acreditar que o Lula irá ocupar o Ministério. Aqui, na Praça dos Três Poderes, há muitos vendedores e até morador de rua. A maioria é contrário ao ex-presidente ocupar o cargo”, afirmou o mineiro, que começou a sentir ontem os efeitos do protesto. “Estou sentindo dor de cabeça, mas é normal”.


Para economizar energia, ele conta que procura proteção de alguma sombra durante o dia. Ainda assim, não dispensou o protetor solar. “Não posso ficar gritando em frente ao Palácio do Planalto. Tenho que preservar energia”, conta Luiz, que levou quatro mudas de roupa para a capital do país.

Ele dá publicidade ao seu protesto por meio do Facebook. O celular usado para acessar a mídia social é carregado numa tomada do Memorial JK.


“Um problema de greve de fome é a necessidade em ser o mais público possível. Ou seja: nada de me retirar para algum local mais confortável, onde eu possa tomar banho, relaxar e dormir confortavelmente. Sem estar submetido ao escrutínio de outros, podem me acusar sempre de estar quebrando meu compromisso. (…) Hoje, tomei banho de pia, usando uma camisa suja como bucha e toalha ao mesmo tempo”, escreveu o bacharel em sua página.

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