Rejeição ao ex-presidente Lula atinge recorde de 57%

Pesquisa do DataFolha feita nos dias 17 e 18 indica também que 68% acham que Lula só aceitou o cargo no governo para se livrar da prisão

Estado de Minas

Lula durante discurso em manifestação na Avenida Paulista: ele perdeu intenção de voto para presidente em todos os cenários - Foto: Nelson Almeida / AFP

São Paulo - O índice de rejeição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atingiu o recorde de 57%, segundo a última pesquisa do Instituto DataFolha, divulgada ontem. A pior contagem até então havia sido feita em setembro de 1994, quando o petista era rejeitado por 40% da população. Naquele ano, o ex-sindicalista disputou e perdeu as eleições presidenciais contra Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP). De acordo com o levantamento do Datafolha, realizado entre os dias 17 e 18 com 2.794 eleitores, Lula tem quase metade (49%) de rejeição entre os mais pobres. Já entre os mais ricos, que ganham 10 ou mais salários mínimos, o índice atinge 74%. Para 68% da população, Lula só aceitou o cargo de ministro da Casa Civil para não ser preso. O índice contrasta com os 19% que acreditam na versão de que o petista aceitou o cargo para ajudar o governo da presidente Dilma Rousseff.

Em outra análise, 73% das pessoas acham que Dilma agiu mal ao convidar Lula para participar da gestão. Somente 22% concordaram com a iniciativa.
Em relação à conduta do petista à frente da pasta, 36% acham que a gestão do ministério deve piorar, enquanto 38% não acreditam em mudanças no governo. O DataFolha mostra que o apoio ao impeachment da presidente Dilma chegou a 68%, oito pontos acima da última medição.

Quanto à disputa presidencial de 2018, a ex-senadora e ex-candidata Marina Silva (Rede) aparece na frente em todos os cenários apurados pela pesquisa de intenção de voto realizada pelo Datafolha. Ela apresenta de 21% a 24% das preferências dos entrevistados, dependendo de quem seria o candidato do PSDB no pleito.  Lula foi o político que mais perdeu em intenções de voto entre a pesquisa anterior realizada pelo DataFolha, em fevereiro, e o levantamento de março. Lula perdeu pontos acima do nível da margem de erro em todas as simulações, que consideravam também Marina Silva e um de três políticos do PSDB, no caso o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e os senadores Aécio Neves (MG) e José Serra (SP). Numa das simulações, Lula ficaria em terceiro lugar com 17%, Aécio seria o segundo colocado, com 19%, e Marina lideraria, com 21%. Nesta pesquisa, ele foi quem perdeu mais intenções de voto em relação às anteriores, pois tinha 24% em fevereiro e 27% em dezembro.

 

Delcídio volta a acusar petistas

O senador Delcídio do Amaral (MS), recém-desligado do PT, afirmou em entrevista à revista Veja que a presidente Dilma “sabia de tudo”, referindo-se ao esquema de corrupção bilionário envolvendo a Petrobras investigado pela Operação Lava-Jato. “A Dilma herdou e se beneficiou diretamente do esquema, que financiou as campanhas eleitorais dela”, afirmou Delcídio do Amaral, ex-líder do governo no Senado, à revista. “O Lula negociou diretamente com as bancadas as indicações para as diretorias da Petrobras e tinha pleno conhecimento do uso que os partidos faziam das diretorias, principalmente no que diz respeito ao financiamento de campanhas. O Lula comandava o esquema”, garantiu.

“A Dilma também sabia de tudo. A diferença é que ela fingia não ter nada a ver com o caso”, completou. Segundo o delator, Lula e Dilma “tentam de forma sistemática obstruir os trabalhos da Justiça”. Na semana passada, o senador afirmou que o ministro da Educação Aloizio Mercadante, figura histórica do PT, tentou comprar o silêncio operando como “emissário da presidente. Delcídio do Amaral foi preso em novembro do ano passado por tentar obstruir a investigação da Petrobras.

Ele foi soltou quase três meses mais tarde, depois de ter aceitado o acordo de delação premiada.

Delcídio prometeu apresentar a investigadores da Lava-Jato novas informações sobre a compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), pela Petrobras, que envolvem Dilma e Lula. O senador reafirmou as acusações em entrevista exibida pelo Jornal Nacional, da TV Globo, ontem, na qual disse que não revelou o esquema porque era líder do governo e atendia os interesses do Planalto.

A Secretaria de Imprensa da Presidência da República divulgou nota na noite de ontem em que diz que Delcídio inventa “estórias mirabolantes”. “Repetindo as inverdades e absurdos declarados na sua delação premiada, o sr. Delcídio do Amaral volta novamente a fazer ataques mentirosos e sem qualquer base de realidade contra o governo”, diz a nota. 

 

Aécio elogia decisão do STF
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, e o partido destacam em suas páginas no Facebook a decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, de suspender a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil. “O STF decidiu suspender a nomeação do ex-presidente Lula para o cargo de ministro da Casa Civil. A decisão foi tomada pelo ministro Gilmar Mendes, que acatou duas ações, uma do PSDB e outra do PPS. Com isso, Lula deixa de ter o foro privilegiado e volta a ser investigado pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava-Jato”, apontou Aécio em sua página, remetendo a informe do PSDB, que divulga a informação no Facebook sob o título ‘Mais uma vitória dos brasileiros.’”

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