FHC apoia processo de impeachment de Dilma e diz que é reflexo da vontade popular

Pesquisa do Datafolha divulgada neste sábado (19/03) revelou que o apoio ao impeachment passou de 60% em fevereiro para 68% em março

AFP

"As ruas gritaram renúncia, fim, impeachment", afirma Fernando Henrique Cardoso - Foto: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) deu seu apoio ao processo de impeachment iniciado pelo Congresso contra a presidente Dilma Rousseff, afirmando que é um reflexo da vontade popular. "Foi isso foi o que as ruas gritaram" no 13 de março, quando três milhões de brasileiros participaram das manifestações anti-governo, afirmou FHC em uma entrevista publicada neste domingo pelo jornal O Estado de São Paulo. "As ruas gritaram renúncia, fim, impeachment", declarou.


Uma pesquisa do Datafolha revelou que o apoio ao impeachment passou de 60% em fevereiro para 68% em março.


Fernando Henrique Cardoso, de 84 anos, do PSDB, havia expressado dúvidas sobre a iniciativa do impeachment, e esperava que Dilma renunciasse por conta própria ao cargo, em "um gesto de grandeza". Mas sua postura mudou, depois de constatar "pouco a pouco a incapacidade evidente de funcionamento do governo e a resistência" de Dilma ao dar um passo ao lado, explicou o ex-presidente. "Agora penso que o caminho é o impeachment", completou.


O procedimento de impeachment está sustentado em acusação de manipulação das contas públicas. Se chegar até o fim, o processo será "tão doloroso quanto assistir ao desfalecimento da economia e da sociedade", argumentou FHC.

Crise política

O Brasil, a primeira economia da América Latina que recebe em agosto os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, está paralisado pela recessão e a crise política provocada pelo escândalo de corrupção da Petrobras.


No sábado, o senador Delcídio Amaral, que foi líder do PT no Congresso, acusou Dilma de ter se beneficiado do sistema de propinas multimilionárias montado em torno da petroleira estatal.


Segundo disse Delcídio à revista Veja, o esquema se montou sob a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), mas "Dilma herdou e se beneficiou diretamente deste sistema, que financiou suas campanhas eleitorais" de 2010 e 2014.


A Câmara dos Deputados realizou na última sexta-feira a primeira sessão das 15 previstas para que uma comissão especial de 65 deputados recomende a abertura ou o arquivamento do pedido de destituição contra Dilma.


A presidente é acusada de ter aumentado gastos sem a permissão do Congresso e de tapar buracos do orçamento com empréstimos de bancos estatais em 2014, o ano de sua reeleição, e no início de 2015.


Se um parecer favorável ao impeachment for aprovado por dois terços dos deputados e pela metade dos senadores, Dilma será afastada do cargo por um prazo máximo de 180 dias.


Finalmente, corresponderia ao Senado, por maioria de dois terços, pronunciar uma eventual destituição.

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