A menos de uma semana da reunião do diretório nacional do PMDB, que decidirá sobre o desembarque ou não da legenda do governo federal, 10 diretórios estaduais declararam sua posição favorável ao abandono do Palácio do Planalto. Alguns deles, como foi o caso dos diretórios de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, resolveram não esperar nem mesmo a posição final do diretório nacional e decidiram entregar os cargos que ocupavam no governo. Os catarinenses já entregaram os cargos. Outros, apesar de demonstrar o descontentamento e se posicionar pela saída, ainda aguardam a definição oficial da próxima semana.
Já o presidente do Senado, Renan Calheiro (PMDB-AL) adotou posicionamento de cautela sobre o desembarque do seu partido do governo federal e cobrou responsabilidade dos colegas. Após se reunir com Lula nessa terça-feira (22), Renan foi questionado se a destituição da presidente pode ser chamado de “golpe”. Ele afirmou que, sem a caracterização de crime de responsabilidade, o processo que está sendo deflagrado no Congresso não pode ser chamado de impeachment.
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Mas a posição de Renan parece que vai na contramão das lideranças regionais, que já falam abertamente na entrega dos cargos. “O PMDB de Santa Catarina foi o primeiro a deixar o governo. Devolveu a presidência e a diretoria da Eletrosul e a presidência da Embratur”, informou a assessoria do diretório estadual peemedebista. Na semana passada, os presidentes da Eletrosul, Djalma Berger, e da Embratur, Vinícius Lummertz, entregaram seus cargos. Parlamentares catarinenses avaliam que a decisão partiu das lideranças estaduais do partido e não seria preciso aguardar uma posição da executiva nacional.
Partiu do grupo catarinense o pedido para que o ministro da Aviação Civil, Mauro Lopes (PMDB-MG), seja expulso da legenda. “O deputado Ronaldo Benedet (PMDB-SC) foi o autor da proposição aprovada no diretório nacional de que nenhum peemedebista poderia aceitar cargo no governo federal pelos próximos 30 dias. Esse rompimento é justificativa clara para que o ministro seja expulso da legenda”, informou o diretório estadual do PMDB.
CAUTELA Já em outros diretórios, o desembarque do governo está sendo tratado de forma mais cautelosa. Os peemedebistas baianos, por exemplo, votaram em encontro do diretório para que a legenda deixe o governo, mas aguarda uma confirmação da executiva nacional. “Também desembarcamos, mas no dia 29 será feita uma confirmação dessa retirada. Claro que a posição final é do (diretório) nacional, mas fizemos uma carta mostrando nossa posição e agora não tem como voltar atrás”, avalia o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).
O parlamentar é um dos integrantes do PMDB na comissão do impeachment e ressalta que, desde 2014, as lideranças da Bahia se afastaram da presidente Dilma Rousseff (PT). “Desde 2014, quando não apoiamos a reeleição, não temos mais cargos para entregar. Ou seja, nós nem entramos nesse governo”, afirma Vieira Lima. O deputado alerta para uma tentativa do governo de tentar ganhar tempo na comissão do impeachment, mas critica também a postura do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de tentar acelerar o ritmo da comissão.
Sobre a possibilidade anunciada nessa terça-feira (22) por Cunha de a Mesa Diretora da Câmara convocar a votação do impeachment para um domingo, o deputado baiano afirmou ser contra. “Fica parecendo que é preciso alterar a rotina do parlamento. Não concordo com esse tipo de postura. Uma tentativa de forçar o andamento e que dá uma impressão muito ruim para o processo”, avalia Vieira Lima.
Outro diretório que já se posicionou pelo desembarque do governo Dilma, mas mantém postura de espera até a decisão da executiva, é do PMDB de São Paulo. O presidente da legenda, deputado Baleia Rossi, considera que os peemedebistas paulistas já se decidiram pela saída do governo, mas a palavra final será dada na próxima terça-feira, dia 29.
Os gaúchos também colocaram um pé fora da canoa governista. Em reunião na noite de segunda-feira, o diretório estadual reforçou a posição de independência em relação ao Planalto e propôs a devolução dos cargos ao governo. Os diretórios do Espírito Santo, Piauí, Distrito Federal, Acre, Pernambuco, Maranhão e Mato Grosso do Sul indicaram que votarão pela separação do governo petista na próxima semana.