São Paulo, 23 - A Polícia Federal (PF) apontou no relatório de indiciamento do marqueteiro do PT João Santana e de sua mulher, Mônica Moura, que o casal recebeu pelo menos R$ 21,5 milhões entre outubro de 2014 e maio de 2015 - período pós reeleição da presidente Dilma Rousseff - do "departamento de propina" da Odebrecht.
No documento encaminhado na noite desta terça-feira, 22, ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava-Jato em Curitiba, a PF listou todos os repasses lançados na planilha controlada pela ex-secretária da Odebrecht Maria Lucia Tavares, que fez acordo de delação premiada, em nome do codinome "Feira". O termo era usado, segundo ela confessou, para identificar João Santana e a mulher, que são da região de Feira de Santana, na Bahia.
Santana foi o marqueteiro da campanha de reeleição de Dilma Rousseff, em 2014, da campanha de 2010 e da campanha de reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.
Em depoimento à PF, Mônica Moura - que assumiu cuidar da parte financeira dos negócios - afirmou que os pagamentos da Odebrecht recebidos em conta secreta na Suíça, entre 2012 e 2013, num total de US$ 3 milhões foram por serviços prestados fora do Brasil.
O casal foi indiciado pela PF por crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa, acusada de desvios na Petrobras. O Ministério Público Federal denunciará formalmente Santana e a mulher ao juiz Sérgio Moro na próxima semana.
Defesa
A defesa do marqueteiro do PT diz que João Santana é inocente. O advogado Fábio Tofic sustenta que os recebimentos da Odebrecht alvo do inquérito foram por serviços fora do Brasil. Mônica Moura trocou seu advogado no mês passado e tenta um acordo de delação premiada com a Lava-Jato.