O governador Luiz Fernando Pezão, em tratamento médico, o ex-governador Sérgio Cabral e Paes não vão à reunião e serão substituídos por suplentes. Entre os que votarão a favor do rompimento estão o presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani, pai de Leonardo, o ex-ministro Moreira Franco e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Quaquá conversou ontem com o Paes, aliado da presidente Dilma Rousseff, e disse ter ouvido do prefeito que não sabia da decisão do PMDB fluminense de rompimento com o governo. “Espero que isso não se confirme.
O presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani, afirmou ontem que a decisão do diretório estadual de apoiar o rompimento com o governo é reflexo de um sentimento majoritário da sociedade. O dirigente avalia que a presidente Dilma não tem condições de enfrentar a crise política e econômica que praticamente paralisou o país. “Ela tem capacidade de sair do dissenso para o consenso mínimo? De aprovar um ajuste fiscal, recuperar a economia? De trazer de volta o emprego? Não tem. A presidente é uma pessoa honrada, mas o conjunto da obra não é bom”, disse. Para Picciani, o cenário atual é completamente diferente daquele em que os argumentos em favor do impeachment da presidente estavam centrados nas chamadas pedaladas fiscais. “Essas coisas se decidem pelo processo social. Quando defendemos a legitimidade do mandato da presidente, o fizemos na forte convicção democrática e esse era o sentimento majoritário do PMDB do Rio. Tínhamos convicção de que pedalada não é crime de responsabilidade, é quase um atraso de cartão de crédito. Mas o quadro mudou. Veio a prisão do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral, e a delação demolidora. E vieram as trapalhadas seguintes.
Depois de quase três meses na prisão, o ex-petista Delcídio (sem partido-MS) fechou acordo de delação premiada na Operação Lava-Jato e acusou Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de terem tentado interferir nas investigações, o que aprofundou a crise política. Outro momento de tensão foi a nomeação de Lula, investigado na Lava-Jato, para o comando da Casa Civil, apontada pela oposição como uma manobra da presidente para garantir foro privilegiado ao antecessor. A nomeação está suspensa por decisão liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.
Picciani lembrou o encontro que teve com Dilma, em agosto passado, quando, ao lado do filho Leonardo Picciani, líder do PMDB na Câmara, se reaproximaram da presidente, depois de terem feito campanha para o tucano Aécio Neves na disputa presidencial de 2014. “Na primeira conversa que tive com ela, disse: ‘Presidente, este é um regime presidencialista, a senhora está como burro no atoleiro: tem de seguir em frente, não pode bambear’. Mas ela não seguiu, o PT não acompanhou e a sociedade avançou. Não quero fazer juízo de valor, mas vejo como a sociedade se movimenta” disse o dirigente peemedebista.
DEBANDADA Mas o rompimento do PMDB com o governo não é o único problema do PT fluminense. O partido enfrenta uma debandada de petistas. A insatisfação é motivada pelo desgaste da imagem da legenda com a Operação Lava-Jato e por questões locais. Os deputados estaduais Zaqueu Teixeira e Dr. Sadinoel se desfiliaram porque não tinham apoio do partido para disputar as eleições municipais deste ano.
A bancada petista na Assembleia Legislativa foi reduzida de seis para três deputados. Já em relação às prefeituras administradas pelo PT, Rodrigo Neves, de Niterói, foi o quarto a deixar o partido desde outubro do ano passado. Também se desfiliaram Carlos Miranda, o Casé, de Paraty; Cláudio Chumbinho, de São Pedro da Aldeia; e Claudio Valente, de Miguel Pereira. Os dois primeiros foram para o PMDB, e o último está sem partido. A primeira baixa significativa sofrida pelo PT do Rio foi o deputado Alessandro Molon, o mais votado do partido no estado na eleição de 2014. Após 18 anos no PT, ele migrou para a Rede, de Marina Silva, em setembro do ano passado..