Na carta, os prefeitos alertam que a instabilidade gerada pelo acirramento da crise política e econômica “tende a impulsionar um equivocado sentimento de desqualificação generalizada da atividade política, além da relativização de direitos fundamentais arduamente conquistados pela democracia brasileira”. O documento diz que o momento exige serenidade, mas também coragem para vislumbrar o futuro. “O combate à corrupção só será uma bandeira efetiva da sociedade se os preceitos constitucionais forem rigorosamente perseguidos pelos atores dos três poderes. Portanto, é fundamental trabalharmos pelo diálogo, preservando a diversidade e o pluralismo, premissas fundamentais e históricas da FNP.”
Para os gestores municipais, a despeito da crise nacional, é fundamental enfrentar os desafios da vida nas cidades. “Propomos avançar concretamente no diálogo federativo, com a instituição de uma mesa federativa plena, com a participação da União, de governadores e prefeitos, consolidando um espaço de tomada de decisões sobre temas que afligem os cidadãos em seu cotidiano, como a mobilidade urbana e a saúde pública”, diz outro trecho da carta dos prefeitos.
Na avaliação da Frente Nacional dos Prefeitos, a voz das ruas “ecoa, para prefeitos e prefeitas, também como uma convocação para um pacto nacional por mais qualidade e eficiência nos serviços públicos e melhores condições de vida no país, envolvendo todos os entes da federação. Sem a retomada do crescimento econômico não há alternativa para os desafios do Brasil”, concluem os gestores municipais.
COBRANÇAS Durante os debates, os prefeitos se queixaram de falta de recursos para a saúde.
Para o secretário de Saúde de São Lourenço, no Sul de Minas, Mauro Junqueira, presidente do Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), o subfinanciamento ameaça a sustentabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS). “O retrocesso econômico retira as pessoas do plano de saúde no momento crítico de retração grave de recursos, do zika vírus, que ninguém sabe qual o tamanho desse problema, mas obviamente vai ter necessidade de recursos adicionais e obviamente os municípios vão ter que entrar com mais recursos”, explicou.
O ministro da Saúde, Marcelo Castro, reconheceu que é oneroso o custo da saúde para os municípios e reforçou o coro pela volta da CPMF. “Aprovar a CPMF no momento político e econômico que estamos vivendo é muito difícil, mas acho que cabe a mim como ministro poder dizer que a saúde publica brasileira é subfinanciada e que nós precisamos de mais recursos para a União, estados e municípios”, afirmou..