O principal eixo das conversas do vice será o acerto da situação de quem tem cargo no governo e não quer abandoná-lo. Na Esplanada, há sete ministros peemedebistas. Temer tenta sair do encontro como um conciliador entre as tendências do PMDB. Para articular o consenso, ele desistiu da viagem que faria a Portugal e estará em Brasília na véspera do encontro.
Curiosamente, Temer ocupar á a cadeira da presidente Dilma a partir do dia 31, mesmo que o PMDB decida abandonar o governo à própria sorte. Isso porque a petista participará, quinta e sexta-feira, da 4ª Cúpula sobre Segurança Nuclear, em Washington (EUA).
Entre os sete ministros do PMDB, três, na avaliação da cúpula do partido, devem rejeitar o desembarque: Eduardo Braga (Minas e Energia), Kátia Abreu (Agricultura) e Marcelo Castro (Saúde). São os ministérios de maior porte, e os nomes são vistos como escolha da presidente. Henrique Alves (Turismo) e Helder Barbalho (Portos) devem deixar seus postos. Ambos são considerados ministros da cota de Temer. Mauro Lopes (Aviação Civil) tende a seguir a maioria da bancada de Minas, que é favorável à saída do governo. Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) deve se licenciar da legenda para se manter no cargo. Os ministros terão prazo até 12 de abril (30 dias após a convenção do PMDB) para decidir.
“O ideal é que permitam uma licença para os ministros que desejam permanecer ao menos até o dia 12 para vermos como o governo vai reagir. Mas já sabemos que o grande problema do governo tem sido a capacidade de reação. É difícil ver uma saída a partir de agora com a decisão do PMDB, que deve ter efeito dominó. O simbólico já está decidido e parece um processo que não terá volta”, disse um ministro do PMDB que é contra o rompimento. Está marcada para esta segunda-feira uma reunião entre os senadores e os ministros da resistência para tentar uma posição conjunta sobre como lidar com a decisão do comando do partido.
“É tarde demais para negociar qualquer coisa com o governo. Vai ser o voto de cada um, que está sendo muito cobrado pelos eleitores”, afirma o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), que se diz favorável ao desembarque.
SEM APOIO Os ministros de Cidades, Gilberto Kassab (PSD), e Transportes, Antonio Carlos Rodrigues (PR), já avisaram que não têm como garantir o apoio de suas bancadas ao governo. Ambas estão rachadas e o número contra o governo aumenta a cada dia. O PSD tem 32 deputados, e o PR, 40. “A cada dia fica mais difícil garantir votos a favor da presidente. O clima está muito ruim, e a tendência é que piore. A bancada está dividida e vai prevalecer o sentimento das ruas. Nenhum deputado votará só de acordo com sua consciência, tem muita pressão popular”, diz um membro da cúpula do PR..