São Paulo - A empresária Daniele Fonteles, uma das donas da agência de comunicação Pepper, que prestava serviços ao PT, fechou acordo de delação premiada com investigadores da Operação Acrônimo. Na colaboração, ela deve confirmar irregularidades na prestação de serviços para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010 e implicar o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), o que preocupa o Palácio do Planalto.
Daniele deve confirmar o recebimento, de forma irregular, de recursos da campanha presidencial de 2010. A Pepper era responsável pela propaganda de Dilma na internet naquele ano. Conforme delatores da Lava-Jato, a Andrade Gutierrez pagou R$ 6,5 milhões à agência, dinheiro que teria servido para bancar serviços prestados à coligação da então candidata.
O jornal O Estado de S.Paulo apurou que a colaboração envolve também detalhes sobre o relacionamento da Pepper com Pimentel, a mulher dele, Carolina Oliveira, e o empresário Benedito Rodrigues, o Bené, apontado como operador do petista em esquemas ilícitos. A primeira dama de Minas é suspeita de ser sócia oculta da agência. O governador é investigado por, supostamente, receber vantagens indevidas de empresas que tinham relacionamento comercial com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), instituição subordinada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que ele comandou de 2011 a 2014.
A Acrônimo também apura o uso irregular de recursos em campanhas do PT. A Pepper prestou serviços a Pimentel quando ele se candidatou ao Senado, em 2010. Em 2014, na corrida para o Palácio da Liberdade, a empresa não foi fornecedora de Pimentel. Porém, trabalhou para o partido nacional na criação da agência de notícias do partido e na gestão da página da presidente Dilma no Facebook. Além disso, foi contratada pelo então candidato Rui Costa (PT), que venceu as eleições na Bahia.
Procurada, a defesa de Daniele não quis comentar.
O Estado de Minas também entrou em contato com a assessoria do governo do estado que disse que "não há motivos para comentar".