Dois ministros ouvidos pela reportagem afirmaram que vão anunciar uma decisão conjunta depois que a definição do partido for formalizada. Mesmo aqueles que resistem à ideia de abandonar o cargo reconheceram que ficar no governo será muito difícil se o PMDB realmente optar por deixar a base aliada.
Um deles classificou como um "banho de água fria" a decisão do PMDB do Rio de abandonar Dilma, anunciada na semana passada.
Antes da reunião com a presidente, o ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) teve um encontro com o vice-presidente Michel Temer. Ele tentou, num último apelo, convencer o vice, que é presidente nacional da legenda, a adiar a reunião do Diretório Nacional do PMDB. A data, no entanto, está mantida. Segundo um aliado do peemedebista, a legenda vai dar um prazo maior, provavelmente até o dia 12 de abril, para que os ministros consigam se organizar e entregar seus cargos.
Além de Braga, compareceram ao encontro com Dilma Marcelo Castro (Saúde), Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), Helder Barbalho (Portos), Mauro Lopes (Aviação Civil) e Henrique Eduardo Álvares (Turismo).
Segundo a assessoria da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, ela não compareceu por causa da morte de uma amiga. Kátia é uma das maiores apoiadoras de Dilma e, nos últimos dias, cresceram os rumores de que a ministra poderia trocar de partido para permanecer no governo.
Varejo
Diante da debandada do PMDB, a estratégia do governo vai ser atuar no varejo para conquistar o maior número de deputados possível.
A ideia é entregar os cargos que estavam com o partido para outras legendas que garantirem votos contra o impeachment. Hoje, o cálculo do Planalto é que o governo não tem os 171 nomes necessários para barrar o processo na Câmara e que seria muito difícil paralisá-lo no Senado.
Para auxiliares palacianos, diante da perspectiva de que a comissão que analisa o impeachment vai terminar seus trabalhos em meados de abril, a permanência ou não de Dilma na Presidência vai depender dos acordos que serão fechados nos próximos 15 dias.