Na entrevista, o líder disse que tem visto na bancada de seu partido uma vontade majoritária para o impeachment de Dilma prosseguir. Indagado sobre a declaração do presidente do Senado Federal, seu correligionário Renan Calheiros, que disse esperar que o processo de impeachment não chegue ao Senado, Romero Jucá afirmou que diverge dessa posição. "Renan se acautelou, respeitamos a torcida pessoal dele, mas a torcida do povo brasileiro, que é maior, espera que (o processo) chegue (ao Senado)." Apesar da divergência, Jucá disse não ter dúvidas de que Renan tratará do assunto - se o impeachment tramitar no Senado - de forma institucional, equilibrada e o processo caminhará. "Eu espero que chegue porque o País tem que dar a volta por cima, não dá mais para ficar do jeito que está, travado, empresas fechando e pessoas perdendo seus empregos."
Na sua avaliação, o PMDB acordou hoje "mais leve" com a decisão tomada por 82% de correligionários presentes no Diretório Nacional, votando por aclamação. E reiterou que a partir de hoje ninguém está autorizado a exercer cargo do PMDB no governo federal.
O senador peemedebista afirmou que tem o maior respeito pela presidente Dilma, mas o seu governo perdeu o eixo. E justificou o desembarque do seu partido da gestão petista, sob alegação de que a motivação não foi pessoal, mas política. "O governo disputou a eleição de 2014 com um discurso e a realidade hoje é outra, então o PMDB não mudou de posição", disse, alegando que a sigla está cobrando posições e se posicionando sobre um quadro gravíssimo. "A solução desse imbróglio tem que vir pela política, o Brasil não precisa de um bravateiro."
Sobre os riscos de Temer assumir um País fragilizado, disse que o maior partido do País não pode se furtar a enfrentar este desafio e colocar as providências para a saída da crise em andamento. "Se o PMDB não fizer, quem fará?", indagou. E lembrou que a legenda já conviveu com vários confrontos ao longo de seus 50 anos.
Lava-Jato
O senador disse que o PMDB apoia a Lava-Jato. "Essa operação muda os parâmetros da política no Brasil. Mas acho que ela não pode ser o centro do governo e o centro do País, o governo tem que governar, tem que sair do imobilismo e paralelamente a Lava-Jato vai investigando, quem tiver culpa deve ser punido e quem não tiver, o Ministério Público deve ter a responsabilidade de isentar, não há demérito em ser investigado, o demérito é ser condenado."
No caso de integrantes do PMDB, Jucá disse que eles devem ter direito de defesa, mas todos devem responder perante a lei. "Não há ninguém acima da lei, é importante que a Lava-Jato continue com rapidez, para que fique claro quem cometeu ou não crimes.".