Brasília, 30 - O deputado Esperidião Amin (PP-SC) admitiu à reportagem haver "especulações" sobre negociações do seu partido com o governo federal, mas destacou que "ninguém está autorizado a negociar ou aceitar cargos" em nome da sigla. Amin, que faz parte da ala oposicionista do PP, defende o impeachment e o rompimento da legenda com a presidente Dilma Rousseff, contudo diz não apoiar uma eventual gestão do vice-presidente Michel Temer. O PP, que possui a terceira maior bancada na Câmara, realizou uma reunião informal nesta quarta-feira, 30, para estabelecer a data da convenção nacional, que terá como principal pauta o desembarque ou não do governo.
"Eu acho que a maioria do partido, se não a unanimidade, vai decidir por não ter relações com o atual governo", afirmou Amin. Em relação ao impeachment, o parlamentar defende que haja liberação de voto, que considera "uma decisão de consciência". "Eu não acho que é correto um partido fechar questão sobre impeachment ou sobre cassação de mandato de um deputado. Não acho que seria cabível, mas até pode haver uma solicitação nesse sentido e, se houver unanimidade, vai ser deliberado, porque o plenário é soberano", declarou. O deputado disse ainda que, mesmo que o impeachment não seja aprovado na Casa, "a governabilidade estará comprometida".
Sobre as negociações de cargos entre o governo e partidos da base aliada, o deputado catarinense disse "ter certeza" que o partido "não vai mudar de posição por causa de cargos oferecidos, especialmente numa "circunstância como essa". Além da manutenção do Ministério da Integração, atualmente ocupado pelo PP, o partido estaria negociando com o governo o Ministério da Saúde, enquanto a ala do vice-presidente Michel Temer teria ofertado o Ministério das Cidades. "Eu não diria que a negociação faz parte da política, faz parte do espírito de sobrevivência, e o governo está tentando sobreviver", opinou Amin.
O deputado acredita que "o Brasil só encontrará um caminho seguro se houver a eleição direta para presidente e vice-presidente ainda este ano". Apesar de ser contra o governo de Dilma Rousseff, Amin disse que não apoia uma eventual gestão Temer. "Ao PMDB e ao vice-presidente será cobrada a legitimidade, isso vai ser cobrado não só pelo PT, mas pela mesma sociedade que está hoje na rua. Eu torço para que nós tenhamos eleição direta para presidente e vice-presidente. E não tenho candidato, não. É em nome do que eu chamo legitimidade. Sem isso nós não veremos a sociedade brasileira se engajar em um governo", disse o parlamentar.
Amin comentou ainda uma possível tentativa de coalizão do governo, que quer articular a composição de um bloco que teria, além do PP, PR, PSD e PRB - juntos, esses partidos têm 142 votos e formariam o maior bloco da Casa. "O governo está procurando frações de partido, ele sabe que não terá partido único, e o PP eu acho que majoritariamente quer distância do governo, mas eu não posso dizer que todos querem", ponderou. Somado ao PT, o novo grupo garantiria 200 votos a favor do governo, 28 a mais que o necessário para barrar o impeachment. O número mínimo para aprovar o impeachment na Câmara dos Deputados são 342 dos 513 deputados.