Os petistas estão convencidos de que é muito tarde para angariar o apoio integral de outros partidos, mas acreditam que será possível conquistar partes de algumas bancadas construindo uma nova base de apoio. "Vamos construir uma nova maioria, com um pedaço de lá e outro de cá", afirmou o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PT-PA). O objetivo é intensificar a pressão sobre o PP, PR e PSD.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) se disse otimista com o progresso das negociações. "Não vai ter impeachment. Sei de movimentações que estão acontecendo e as respostas são positivas", disse. Uma estratégia é trabalhar com as diferenças internas de cada partido e avançar sobre o que está ao alcance do governo neste momento, como por exemplo parlamentares do Nordeste e Norte, que têm maior tendência de se manterem fiéis à base.
A visão interna é de que o governo não precisa que deputados votem publicamente contra o impeachment, basta convencer uma quantia deles a não comparecer à sessão.
Negociações
O ex-presidente Lula é o carro-chefe das negociações, mas os senadores também seriam fundamentais na tarefa de conquistar votos devido ao protagonismo que exercem em seus diretórios, podendo projetar o apoio ao governo também aos deputados de seus partidos ou Estados. O senador Ciro Nogueira (PP-PI), que é o presidente de seu partido, se tornou a menina dos olhos nas novas negociações. Nesta terça-feira, 30, o PP confirmou mais uma filiação na Câmara, alcançando o número de 51 deputados, a terceira maior bancada da Casa.
Em reunião nesta manhã, o partido optou por não desembarcar imediatamente do governo e deixar a decisão para depois da conclusão dos trabalhos na comissão especial de impeachment. Os governistas interpretaram a decisão como "um bom sinal" para o governo e também uma indicação de que o partido está disposto a negociar cargos em troca de votos contra o impeachment. Ciro Nogueira se encontrou com Lula e, segundo interlocutores, manterá o diálogo com o governo.
Tiro no pé
Os governistas também avaliaram que a decisão do PMDB de deixar o governo foi prejudicial para o próprio partido. "O gesto do PMDB foi precipitado e facilitou para o governo. Eles erraram", afirmou Lindbergh. O senador acredita que o protagonismo que o vice-presidente Michel Temer assumiu contra Dilma criou um mal estar com a opinião pública e pode desestimular os movimentos de rua.
Na percepção petista, agora o governo terá mais espaço para trazer outros partidos para a base e fazer negociações. "O PMDB achava que, rompendo com o governo, outros partidos iam debandar também. Isso não aconteceu, abriu-se mais espaço para que outros partidos participem do governo", disse Lindbergh..