O desembarque do PMDB do governo federal deixou em aberto quem comandará uma bolada de quase R$ 100 bilhões no Orçamento deste ano. O latifúndio peemedebista conta com a pasta que tem o maior montante de recursos, o Ministério da Saúde, com previsão orçamentária de R$ 88,9 bilhões. Além dos recursos bilionários, as sete pastas comandadas pelo PMDB estão ligadas a órgãos e entidades subsidiárias responsáveis por mais de 2 mil cargos comissionados. A legenda informou durante a reunião do diretório nacional, anteontem, que ocupa cerca de 600 cargos no governo federal, mas, nos órgãos até então comandados pelos partidos, estão 2.212 cargos de livre indicação.
O partido que até esta semana era o principal aliado do Palácio do Planalto comanda a pasta da Saúde desde outubro do ano passado, quando o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) assumiu a cadeira no ministério de maior orçamento do governo. O órgão é responsável pelos hospitais federais em todos os estados, ligados às universidades federais. Também estão vinculadas aos ministérios a Fundação Nacional da Saúde (Funasa) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fio Cruz), além da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Ao contrário do partido, o ministro defendeu a continuidade no governo e discute com lideranças do PMDB contrários ao desembarque a possibilidade de se licenciar da legenda para se manter no cargo. A licença, no entanto, não seria bem-aceita pelo PMDB, que pode pedir a desfiliação de Castro caso ele permaneça no ministério.
A pasta da Ciência, Tecnologia e Inovação, com um orçamento de R$ 4 bilhões em 2016, também desperta grande interesse de parlamentares. Mais de 10 entidades estão vinculadas ao órgão, entre elas as principais agências de pesquisa do país, como a Agência Espacial Brasileira e as Indústrias Nucleares Brasileiras. Poucas horas depois de o PMDB anunciar a saída do governo, o ministro Celso Pansera (PMDB-RS) afirmou que pretende continuar à frente da pasta.
O Ministério de Minas e Energia (MME), comandado por Eduardo Braga, apesar de ter sofrido um dos maiores cortes no orçamento com o ajuste fiscal determinado no início do ano, ainda é um dos mais importantes estrategicamente para o país. A pasta tinha previsão orçamentária de R$ 6,5 bilhões, mas perdeu mais da metade com o contingenciamento e os gastos para este ano foram reduzidos para R$ 3,3 bilhões. Ainda assim, atrai muito interesse pela ligação com as principais empresas do setor energético.
Estão vinculadas ao MME as empresas de capital misto Petrobras e Eletrobras, esta que contra as empresas Furnas Centrais Elétricas, Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) e as centrais elétricas Eletrosul, Eletronorte e Eletronuclear. Também estão ligadas ao ministério autarquias importantes no setor energético: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).