Lisboa – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG) disse nerssa quinta-fera (31) que a presidente Dilma Rousseff perdeu todas as premissas necessárias para um presidente governar: legitimidade, governabilidade e, por último, legalidade. A análise foi feita durante palestra no seminário luso-brasileiro de direito na Universidade de Lisboa. Ele concluiu sua fala dizendo que, no dia da eleição, em 2014, conhecido o resultado, telefonou para a presidente Dilma Rousseff para lhe dar o parabéns pela vitória e se colocar à disposição para o diálogo. “Disse a ela que numa eleição tão radicalizada ela teria a missão de unir o país. A resposta não foi a que eu esperava, foi a arrogância e a falsa impressão de um sentimento de que tinha vencido com um amplo apoio da sociedade. Hoje, o resultado é uma presidente sitiada no Planalto. Não teremos saída sem trauma. E o maior talvez seja a permanência da presidente da República”, disse Aécio, ovacionado pelo auditório. Aécio disse ainda que não é possível “o país dar um salvo-conduto aos crimes de responsabilidade cometidos pela presidente da República” e afirmou que “um tempo na oposição fará bem ao PT para renovar seus valores”.
Do alto de quem viu dois golpes militares, o de 1964, no Brasil, e o de 1973, no Chile, o senador José Serra (PSDB-SP), por sua vez, fez um alerta: “Se os militares tivessem poder como antes, não tenha dúvida de que já teria havido uma militarização no país”. A análise foi feita durante palestra no seminário luso-brasileiro de direito na Universidade de Lisboa, onde Serra fez uma reflexão sobre os 30 anos de democracia ininterrupta no Brasil, colocando como ponto que merecedor de destaque do período justamente a ausência do que chamou de “fator militar”: “Nos últimos 30 anos, esteve ausente e, se Deus quiser, vai continuar ausente”, disse Serra, que dedicou sua palestra a uma avaliação desses 30 anos de democracia, no qual segundo ele, o PT “torrou os frutos da bonança externa” com uma economia baseada no consumo.
“Acredito que a presidente Dilma não se sustentará. Terá o impeachment, ela não vai permanecer”, disse o senador tucano, que prevê um período de transição “complicada e complexa”, sob o ponto de vista político e econômico. Em relação à economia, Serra acredita que um novo governo terá um cenário de expectativa positiva num primeiro momento, com queda do dólar e redução do risco Brasil.” Em fevereiro, o risco Brasil era 589, caiu para 427 só pelo fato de acharem que ela (Dilma) vai cair”, afirmou Serra. Na avaliação do senador, um futuro governo terá que apontar mudanças rapidamente, aproveitando esse período favorável, mas ele não adiantou que tipo de medidas devem ser adotadas.
Na plateia, o vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), se remexeu na cadeira. O petista participou do painel de encerramento dos três dias de seminário, ao lado do presidente do PSDB, Aécio Neves, e tratou de responder ao que considerou um ataque ao governo da presidente Dilma Rousseff. “O Serra, ao falar da forma que o Brasil reage as crises, mencionou suicídio, renúncia, impeachment ou deposição. Pois eu coloco aqui uma quinta: Cumprir a constituição e fortalecer a democracia, acho que é melhor”, afirmou o senador petista, sendo aplaudido pela seleta plateia de professores doutores, advogados, juristas e alunos. No embalo, disse que o PSDB deveria ter calma, e lembrou que, se houver o que ele (Viana) chama de golpe, Michel Temer assumiria e teria como vice Eduardo Cunha, réu no Supremo Tribunal Federal (STF). “Tirar uma presidente eleita, contra a qual não há acusações, trará como vice alguém que é réu”, afirmou, tecendo críticas ainda à imprensa.