Essa testemunha secreta era Cintra. Ele afirmou à revista Veja ter certeza de que Dilma foi avisada das irregularidades. “O Paulo César, assessor do Bittar, me confirmou. Quando estourou a Operação Lava Jato, tivemos outro encontro, em 2014, no mesmo Edifício Di Paoli. O Paulo falou: ‘O pior é que sua denúncia foi levada à Casa Civil e ao Gabrielli’. A Dilma e o Gabrielli sabiam. O Bittar foi à Casa Civil e ao Gabrielli. Eu só tomei conhecimento agora em 2014 que a Dilma sabia de tudo”, disse.
Em depoimento de delação premiada, o ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró afirmou que a compra da refinaria rendeu propina para os envolvidos no negócio. O senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) também confirmou em delação as irregularidades na compra da refinaria e citou Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Conforme revelou o Estado em março de 2014, a presidente deu aval para a compra da primeira metade da refinaria, em 2006. Ao jornal, ela justificou que o então diretor da Petrobrás Cerveró omitiu cláusulas prejudiciais do contrato. Do contrário, alegou, vetaria o negócio, hoje considerado um dos piores já feitos pela Petrobrás - o Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que houve prejuízo de US$ 792 milhões.
Lula
Cintra também disse ter tentado avisar Lula. “Em uma cerimônia (no Chile), salvo engano em 2013, um representante do Itamaraty me colocou sentado ao lado dele, e me apresentou como funcionário da Petrobrás. Pensei em aproveitar a oportunidade e falar com o ex-presidente, mas não foi possível. O ex-presidente tinha bebido um pouco de uísque, me olhou, deu um tapa forte no meu peito e disse, sorrindo: ‘Petrobraaasssss’. Aí todo mundo riu, mas não teve jeito de conversar com ele.”
Ainda de acordo com Cintra, ele foi perseguido na estatal depois ter feito a denúncia a Gabrielli e teme pela vida dele e de seus familiares. A Petrobrás e o Planalto não se manifestaram até a publicação desta reportagem. À revista Veja, o ex-deputado Jorge Bittar negou as afirmações.