"Há realmente, do meu ponto de vista, alguma ligação. Não é o mesmo esquema, mas são esquemas relacionados. Se você observar a época dos fatos, esse esquema do mensalão consistia em empréstimos fraudulentos junto ao banco rural e ao Banco BMG em troca de favores do governo", afirmou o procurador da República, Diogo Castor de Matos. "
A operação desta sexta-feira aprofunda investigações de um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo o Banco Schahin, o PT, a Petrobras e empresários.
Cinquenta policiais federais cumprem 12 ordens judiciais, sendo 8 mandados de busca e apreensão, 2 de prisão temporária e 2 de condução coercitiva - quando o investigado é levado para depor e liberado. As medidas estão sendo cumpridas nos municípios de São Paulo, Carapicuíba, Osasco e Santo André. Segundo a Polícia Federal, os fatos investigados nesta fase apuram crimes de extorsão, falsidade ideológica, fraude, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Favores
De acordo com o procurador da República, Diogo Castor de Matos, o elo entre o o mensalão e o petrolão estão sendo investigados, mas há indícios da ligação entre ambos os esquemas de corrupção.
"Posteriormente, as instituições financeiras eram agraciadas com algum favor do governo federal. O Banco Schahin era uma situação parecida. Estamos analisando fatos de outubro de 2004, o mensalão veio à tona em maio de 2005. Esse esquema ocorreu concomitantemente ao mensalão, então por isso você vai ter alguma recorrência de alguns personagens, como o Marcos Valério", afirmou o procurador.
Ele destacou que Marcos Valério delatou que Silvio Pereira o teria procurado em 2004 para operacionalizar mais o esquema de capitais.
Nova fase da Lava-Jato
A nova operação foi intitulada Carbono 14 em referência a procedimentos utilizados pela ciência para a datação de itens e a investigação de fatos antigos. de acordo coma força-tarefa, essa nova investigação aprofunda o esquema de lavagem de dinheiro de cerca de R$ 6 milhões por gestão fraudulenta do Banco Schahin, "cujo prejuízo foi posteriormente suportado pela Petrobras", segundo o Ministério Público Federal.
Em novembro passado, após ser preso, o empresário pecuarista Jose Carlos Bumlai, amigo próximo do ex-presidente Lula,admitiu em depoimento que o empréstimo de R$ 12 milhões captado em 2004 no Banco Schahin foi repassado para o caixa 2 do PT e metade desse valor transferido para Ronan Maria Pinto.
Nessa sexta, o MPF diz que foi realmente constatado que Bumlai contraiu o empréstimo fraudulento junto ao Schahin em outubro de 2004 para "quitar dívidas do Partido dos Trabalhadores (PT) e foi pago por intermédio da contratação fraudulenta da Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, pela Petrobras, em 2009, ao custo de US$ 1,6 bilhão."
Celso Daniel
Os promotores disseram que essa fase da operação visa apenas o crime federal de lavagem de dinheiro, sem qualquer relação com o assassinato do prefeito Celso Daniel.
"Basicamente o objeto de nossa investigação é o crime federal de lavagem de dinheiro. Nosso objeto é mais restrito que poderia ser da Justiça Estadual de São Paulo, investigamos aqui o crime de gestão fraudulenta do Banco Schahin. Os demais desdobramentos referentes a Santo André, cabe ao MP estadual. Em princípio, nosso objetivo é esclarecer a lavagem de dinheiro".
Celso Daniel foi sequestrado no dia 18 de janeiro, uma sexta-feira, ao sair de um restaurante na zona sul de São Paulo. Seu corpo foi encontrado dois dias depois em uma estrada de Juquitiba, na região metropolitana.
Com agências.