Brasília, 01 - Com críticas veladas à oposição, à Polícia Federal e ao juiz Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato em Curitiba, o ministro da Justiça, Eugênio Aragão, defendeu a presidente Dilma Rousseff e disse que a pasta está de olho em "ações de ódio e intolerância contra a democracia" em um evento no Ministério da Justiça nesta sexta-feira, 1º, para lembrar os 52 anos da instauração do regime militar no Brasil.
"Não podemos tolerar que aqueles que não conseguiram ganhar numa eleição queiram agora no tapetão quebrar a ordem democrática", disse o ministro, que chamou o discurso da oposição de "oportunista e ideológico". "Tentaram de todo modo fazer com que esse governo não pudesse assumir o seu lugar. Fizeram-no no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fizeram-no no Poder Legislativo e buscam-no no Poder Judiciário, seja através de iniciativas levadas ao Ministério Público, à polícia, a juízes de direito. Mas não podemos estremecer nessa hora", completou.
Aragão comparou a crise política institucional atual com o processo que levou os militares ao poder em 1964. "Temos que ficar atentos todos nós, saber o que claramente está em jogo e lutar com firmeza pela liberdade e pela liberdade que nós conquistamos, que é pra nós e para eles também", afirmou Aragão, mencionando os opositores, favoráveis ao impeachment da presidente.
"Estamos aqui lutando para que a presidente possa prosseguir no seu mandato, garantir a qualidade de governança que tem marcado esses anos de governo do PT", defendeu. "As pessoas que ultrapassam a linha vermelha, que, com violência, tratam seus semelhantes, com desprezo, seja no mundo real ou virtual, terão a resposta deste ministério", afirmou Aragão. "Se nós demonstrarmos fraqueza, seremos dominados", declarou o ministro.
O discurso de Aragão foi aplaudido pela plateia, formada por parentes de pessoas desaparecidas durante a ditadura. A solenidade também reuniu parlamentares como os deputados federais Luiza Erundina (PSOL-SP) e Paulo Pimenta (PT-RS), que também discursaram em apoio à presidente e criticaram o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que conduz o pedido de impeachment na Casa.
Erundina convocou os movimentos sociais para se manifestar contra o peemedebista, que se tornou o primeiro réu no Supremo por envolvimento no esquema investigado pela Operação Lava Jato. "Aquele réu que nos constrange deveria ter sido afastado (da presidência da Câmara), para não conduzir um processo injusto e perverso que já nos custou a todos nós e sobretudo a vocês, parentes de desaparecidos", afirmou.
Mais cedo, Aragão fez duras críticas à intolerância em meio à gravidade do momento político e criticou o efeito das redes sociais neste momento. Segundo o ministro, o anonimato das redes sociais faz aflorar "instintos primitivos" e afirmou que é preciso respeitar as divergências.