Impeachment: líderes não decidem se comissão trabalhará no fim de semana

Depois de mais de uma hora fechados na sala de Rosso, os parlamentares saíram sem uma decisão para reuniões no fim de semana

Agência Brasil
A possibilidade de a comissão que analisa o impeachment da presidente Dilma Rousseff continuar trabalhando no próximo sábado e domingo para esgotar os debates em torno do relatório final, que será lido hoje (6) pelo deputado Jovair Arantes (PTB-GO), voltou à mesa de negociação entre líderes partidários e o presidente da comissão, deputado Rogério Rosso (PSB-DF).
Depois de mais de uma hora fechados na sala de Rosso, os parlamentares saíram sem uma decisão.

Partidos de oposição querem que o colegiado mantenha a sessão no final de semana. O temor é que, por falta de tempo suficiente - pelo Regimento Interno da Câmara cada um dos 130 integrantes (65 titulares e 65 suplentes) tem direito a se pronunciar por 15 minutos - o processo ultrapasse o prazo de cinco sessões plenárias, depois da entrega da defesa de Dilma. Teme-se que isso abra brecha para contestações na Justiça.

“A oposição não está disposta a abrir mão de um milímetro que seja das regras e leis que temos. Vamos cumprir os 15 minutos para cada um. Qualquer passo neste sentido pode abrir brecha para o governo atuar e o governo quer paralisar”, explicou o primeiro parlamentar a deixar a sala do PSD, deputado Mendonça Filho (DEM-PE), que relatou “momentos quentes” de discussão. “Temos um regimento e uma lei que têm que ser obedecidos para evitar qualquer judicialização”, disse o líder do PPS, Rubens Bueno (PR).

Situação

Do lado contrário ao impeachment, a líder do PCdoB, Jandira Feghali (RJ) afirmou que não é o caso de “excepcionalizar”. Segundo ela, é possível incluir todas as falas na sessão de sexta-feira (8), marcada para às 15h, com continuidade na segunda-feira (11).

“Trabalhamos na sexta-feira até a hora que for preciso e voltamos na segunda-feira.
Podemos ir até à meia-noite”, disse. Jandira observou que a estratégia de manter o trabalho no fim de semana pode “desmoralizar” a comissão, caso apareçam apenas dois ou três parlamentares.

O acordo, segundo ela, é que as inscrições para manifestações no dia da sessão serão abertas hoje e, na sexta-feira, será possível contabilizar quantos parlamentares querem falar e o tempo que será necessário. Jandira disse, ainda, que alguns líderes devem conversar com suas bancadas para tentar convencer os parlamentares quanto a um número mínimo necessário de inscrições, limitando as falas “aos que estão mais envolvidos. Sinceramente? Os argumentos nesta comissão estão valendo muito pouco. O que vai valer é no plenário”, disse, ao apostar que não há indecisos no colegiado.

Domingo

Ela definiu como “uma jogada” que abriria espaço para que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), usasse os mesmos argumentos e, no momento de votação do pedido em plenário, escolhesse um domingo para fazê-lo. Esta opção tem sido apontada como estratégia da oposição para mobilizar um volume maior de pessoas em frente ao Congresso, já que a maior parte dos brasileiros não estaria trabalhando ou estudando no domingo.

O deputado Rogério Rosso confirmou o acerto e lembrou que as inscrições serão abertas às 14h de hoje e encerradas na sexta-feira quando o primeiro deputado começar a discutir o texto. Diferentemente de Jandira, Rosso entende que o prazo final para votar é o das 19h de segunda-feira, de acordo com o regimento que estipula este horário como o de encerramento de sessões do plenário, e não meia-noite, como defende a parlamentar.

“Temos que ter cautela máxima e cumprir a lei. Vamos trabalhar para que até às 19h ter o resultado. É uma discussão longa que, dependendo do número de inscritos, pode tomar dias e nós não podemos ter uma sexta sessão”, explicou.

O parecer final do relator, Jovair Arantes (PBT-GO), será lido na sessão marcada para logo mais às 14h. Arantes não participou da reunião com líderes. O relator marcou uma reunião com sua bancada para às 13h. A expectativa do parlamentar é que base aliada peça vista (mais tempo) para analisar o parecer por duas sessões legislativas, e a comissão volte a debater os pontos elencados no dia 8..