Brasília – O ministro Marco Aurélio Mello do Supremo Tribunal Federal (STF) disse, nesta quarta-feira, que não é um "semideus" e, portanto, poderá ser questionado no Congresso Nacional como anunciou que pretende fazer o Movimento Brasil Livre (MBL). O grupo afirmou que irá protocolar no Senado um pedido de impeachment contra o ministro.
"Não sou um semideus", rebateu. Marco Aurélio também afirmou que espera que as instituições do país funcionem com "mais tranquilidade" no processamento do caso. "Sou juiz há 37 anos e eu apenas busco servir e servir com pureza da alma e a partir da minha ciência e consciência, e nada mais. Processo para mim não tem capa, tem conteúdo", defendeu-se.
Marco Aurélio negou que a decisão dele sobre o pedido de impedimento do vice-presidente Michel Temer na Câmara tenha provocado tumulto no processo de impeachment da presidente Dilma e pediu paciência sobre o caso. "Não podemos fechar o protocolo do Tribunal. O interessante é que as instituições funcionem."
Na terça-feira, o ministro concedeu uma liminar obrigando o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a aceitar um pedido de impeachment contra Temer que havia sido arquivado em janeiro. A decisão segue a mesma linha de minuta do despacho divulgada por erro do STF na noite de sexta-feira.
A decisão causou a reação do MBL, que é contrário ao governo Dilma e afirma que Marco Aurélio atuou de forma "desidiosa" (negligente) no caso. O ministro Gilmar Mendes, considerado um dos maiores opositores do governo na Corte, ironizou a decisão do colega de STF relacionada a Temer. "Eu também não conhecia impeachment de vice-presidente. É tudo novo para mim. Mas o ministro Marco Aurélio está sempre nos ensinando", afirmou.