"Vou tentar levar senão todos, a maioria a votar a favor do impeachment", disse em entrevista, enquanto caminhava do plenário para a sala da liderança do PTB, caminho interrompido por abraços, como do líder do DEM na Casa, Pauderney Avelino (AM).
Na liderança da legenda, Jefferson chegou a chorar quando, ao lado da filha, a presidente do PTB e deputada federal, Cristiane Brasil (RJ), recebeu um botom de deputado para que colocasse em seu paletó.
Jefferson disse estar "muito feliz" em retornar à Câmara dos Deputados. Mas fez questão de ponderar que não tem vontade de voltar a ser deputado. "Fui deputado por 23 anos. Acho que meu papel já cumpri", disse.
Na entrevista, o delator voltou a disparar críticas à presidente Dilma Rousseff. Disse ser favorável ao impeachment porque a petista "perdeu as condições de governar" e porque o governo dela acabou "politicamente e moralmente".
Por outro lado, sobram elogios ao vice-presidente Michel Temer, com quem Jefferson se encontrou nesta quarta-feira no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República. "Homem sério e equilibrado", disse.
O ex-deputado contou que, na conversa, Temer disse ter uma "preocupação institucional". O vice teria dito ainda, segundo Jefferson, entender que "tem muita gente, numa crise de autoridade que o Brasil está vivendo, querendo fazer o papel um do outro".
Também não faltaram elogios ao relator do processo de afastamento de Dilma, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), seu colega de partido. "Marcou um golaço de rasgar a rede com o parecer (a favor do impeachment)", disse o ex-deputado.
Novas eleições
Roberto Jefferson também disparou críticas à proposta de convocação de novas eleições gerais, que vêm sendo defendida por políticos como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e pela líder da Rede, Marina Silva.
Para o ex-deputado, a proposta "enfraquece" o processo de impeachment de Dilma. Segundo ele, Marina, que é pré-candidata à sucessão da petista, defende a ideia porque quer "herdar" parte dos eleitores do PT, sigla à qual já filiada.
Jefferson será conduzido a presidência do PTB no próximo dia 14 de abril, graças a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que perdoou, em março, sua pena de 7 anos e 14 dias por participação no Mensalão.
O político fluminense participou ativamente do processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor, que deixou o PTB recentemente. O ex-deputado era da tropa de choque de defesa de Collor em 1992..