Brasília – Líderes da oposição ao governo federal avaliaram nesta quinta-feira que o conteúdo da delação premiada do ex-presidente da empreiteira Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, pode influenciar na votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. Azevedo teria relacionado propinas a doações feitas às campanhas da presidente nas eleições de 2010 e 2014.
Para o líder do PSDB na Casa, Antonio Imbassahy (BA), a revelação cria cada vez mais um ambiente desfavorável à presidente da República, embora a delação não seja objeto da denúncia em análise pelos deputados. "O conjunto da obra acaba por influenciar", observou.
Azevedo afirmou em delação premiada da Operação Lava-Jato, segundo o jornal "Folha de S.Paulo", que a empreiteira realizou doações para as campanhas eleitorais de Dilma com recursos de propinas de obras superfaturadas da Petrobras e do sistema elétrico. As contribuições da empresa, de R$ 20 milhões, foram registradas na Justiça Eleitoral, mas R$ 10 milhões estariam ligados a desvios das obras das usinas de Angra 3 e Belo Monte, além do Complexo Petroquímico do Rio (Comperj). O PT nega irregularidades nas doações.
"Onde você mexer vai encontrar rastro de dinheiro fácil para financiar campanhas. Estamos falando de crimes da maior gravidade que o país nunca viu", comentou mais cedo o líder do PPS, Rubens Bueno (PR).
O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), disse que a delação não deve influenciar os parlamentares porque o vazamento "virou rotina de disputa política". "Mais vazamento de natureza política não incidirá no resultado", declarou.
O deputado Ivan Valente (SP), líder do PSOL, disse que a delação mostra que doações eleitorais vieram de dinheiro "roubado da Petrobras para vários partidos". "É mais uma denúncia de delação. As delações precisam ser confirmadas. Se forem verdadeiras, terão influência", avaliou.