O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, reforçou o coro do governo de que o vazamento de delações premiadas da Operação Lava Jato neste momento tem o objetivo de fragilizar a presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment.
"Achei estranhíssimo o vazamento da delação (da Andrade Gutierrez). Eu não consigo não ver uma associação entre os fatos. Alguém vazou ilegalmente, criminalmente, e eu não sei se é verdade aquilo que está lá. Por que fez isso?", questionou.
Cardozo também defendeu que, se for identificada a pessoa que vazou o suposto conteúdo da delação, ela terá que ser punida porque cometeu um crime.
Relatório
Cardozo afirmou também que convocou uma entrevista coletiva para dar "subsídios" aos parlamentares que vão participar nesta tarde da discussão sobre o relatório pró-impeachment apresentado pelo deputado Jovair Arantes (PTB-GO).
No início da tarde, líderes partidários fecharam acordo e essa sessão de debates deverá terminar até às 3h da madrugada de sábado. Por enquanto, há ao menos 108 inscritos e 25 líderes para se manifestar.
Cardozo voltou a afirmar que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), agiu por vingança ao aceitar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Para ele, o relatório não tratou dessa questão.
Ele também reafirmou que o relatório de Jovair tem equívocos técnicos e jurídicos e que o documento colide com a Constituição. Para o advogado-geral da União, o parecer apresentado na última quarta-feira mostra que o impeachment é um processo político, sem base legal.
Cardozo também acusa o deputado de considerar denúncias que não fazem parte do pedido original e que o relatório inclui pontos que haviam sido rejeitados pelo próprio Cunha na denúncia original.
O advogado-geral da União argumenta ainda que Jovair não é claro sobre quais acusações contra Dilma estava levando em consideração quando mencionou a Operação Lava Jato. "Como pode se defender alguém que não sabe do que é acusado?"