Durante o encontro, os tucanos decidiram retirar de uma vez por todas a proposta de realizar novas eleições e selar o apoio total à “solução Temer”. No fim do ano passado, às vésperas do recesso parlamentar, as principais lideranças do PSDB no Congresso anunciaram que a melhor saída para a crise política seria a realização de novas eleições, e não apenas o impeachment de Dilma. Essa ainda é a bandeira da ex-ministra Marina Silva (Rede), um dos nomes mais lembrados pelo eleitor neste momento. Embora os discursos dos tucanos no Congresso já demonstrassem nova estratégia retórica, a posição partidária não havia mudado oficialmente até a reunião de ontem na capital paulista.
Alckmin ressaltou que o momento é de “unidade” em benefício do povo brasileiro. “O quadro político é de extrema gravidade e precisa ser aliviado.
‘ABSURDO’
Sobre a tese de realizar novas eleições gerais, que hoje é defendida por parte do PMDB e ventilada por setores do governo, o PSDB foi unânime. O secretário geral do partido, deputado Silvio Torres (SP), classificou como “absurda” a proposta. “Não há a menor chance de realizar eleições gerais”, afirmou ele. Terminada reunião, Aécio seguiu com uma comitiva de deputados para um evento organizado pela Força Sindical, também em São Paulo, que teve com um dos objetivos principais dar apoio ao vice-presidente Michel Temer, que é alvo de um pedido de impeachment na Câmara dos Deputados. “O impeachment (de Dilma Rousseff) não era a primeira opção de muitos de nós tucanos. Sempre achamos que a realização de novas eleições a partir do TSE talvez fosse o caminho que legitimasse de forma mais adequada um novo governo, afirmou Aécio.
“Mas hoje há uma convergência em razão da necessidade de essa mudança acontecer rapidamente. Não se sabe o que acontecerá no TSE nem quando. O impeachment está nas nossas mãos”, completou o senador. Para os líderes da oposição no Congresso, o momento agora é de “defender” Temer dos “ataques” dos petistas.
Doação à legenda foi legal, diz Aécio
Em encontro promovido pela Força Sindical, em São Paulo, o senador Aécio Neves (PSDB) negou que sua campanha à Presidência da República em 2014 tenha recebido dinheiro de obras superfaturadas. Em delação premiada, executivos da Andrade Gutierrez informaram que recursos provenientes de obras superfaturadas no governo abasteceram a campanha de Dilma Rousseff.
Questionado sobre o assunto, o senador foi taxativo: “Só se eu tivesse pedido para a Petrobras arrumar uma obra para ela (minha campanha). Uma coisa é financiamento de campanha, outra é eu achar que o PT tem que responder às acusações que lhe são feitas. Recebemos de várias empresas, mas, não se esqueça, nós somos oposição. Que influência teríamos nesses benefícios dessas empresas? Ao contrário, isso não está sendo sequer questionado”, disse Aécio.
O tucano também descartou a possibilidade de o PSDB deixar de defender o impeachment e recorrer ao TSE. Mais cedo, Aécio se encontrou com líderes tucanos para unificar o discurso a favor do afastamento de Dilma: “O impeachment não era a primeira opção de muitos de nós tucanos. Sempre achamos que novas eleições, a partir da decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), talvez fossem o caminho que legitimasse de forma mais adequada um novo governo. Mas hoje há uma convergência em razão da necessidade dessa mudança acontecer rapidamente. Não se sabe o que acontecerá no TSE, nem quando. O impeachment está nas nossas mãos. É a possibilidade de um distensionamento e, de quem sabe, de um governo emergencial que possa avançar na direção de algumas reformas.
Ele também destacou que os governadores do PSDB vão buscar apoio ao impeachment, em suas bases aliadas, de partidos que ainda não se posicionaram. “Não temos o que oferecer, como o governo que oferece cargos. Não transformaremos essa disputa num mercado persa, como tem feito o governo. Vamos simplesmente dizer: o Brasil merece uma nova chance.”
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