Independentemente do resultado, o texto precisa ainda ser analisado pelo plenário, onde precisa de 342 votos para que o processo siga para o Senado. A comissão retoma os trabalhos na segunda-feira, quando ocorrerá a votação. Há ao menos quatro partidos com divisões internas: PMDB, PP, PR e PSD. O governo tenta angariar votos dessas siglas. Em meio à “repactuação”, o Planalto negocia ministérios, que podem ser entregues após a votação do impeachment no plenário.
Com oito nomes na comissão, o PMDB contabiliza dois votos pró-Dilma e quatro contra. Entre os indecisos, o deputado Washington Reis (RJ) tem dito a colegas que votará com o relator, apesar de ser aliado do líder Leonardo Picciani (RJ), próximo ao Planalto. Pré-candidato a prefeito de Duque de Caxias, Reis tem sofrido pressão dos eleitores. Ele cogitou inclusive encomendar uma pesquisa de opinião aos possíveis eleitores sobre o impeachment. Valtenir Pereira (MT), por outro lado, deve acompanhar Picciani. O líder do PP, deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), não antecipou o voto. Três correligionários se posicionaram a favor da deposição e o deputado Roberto Brito (BA), contra. Embora rachado, a sigla decidiu permanecer na base.
No PR, o líder Maurício Quintella Lessa (MG) conversará com a bancada no fim de semana, mas o partido não fechará questão. Dois deputados da legenda na comissão votarão contra o impeachment.
RITO DA VOTAÇÃO
Em resposta a uma questão de ordem apresentada pelo deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), o presidente do colegiado, deputado Rogério Rosso (PSD-DF), decidiu que, no fim da discussão, a Advocacia-Geral da União (AGU) terá 15 minutos para uma nova defesa de Dilma. A ida do titular da pasta, José Eduardo Cardozo, está confirmada. Rosso também definiu ainda que, na ausência de titulares, votarão os suplentes do bloco formado na comissão de acordo com a ordem de chegada, o que pode mudar o placar.
Oposicionistas acusaram o governo de pressionar integrantes para faltarem à votação. “Ou ele está com atestado de óbito ou tem que comparecer aqui. A gente não pode tolerar artimanhas, pressão do governo para inviabilizar a votação do impeachment”, afirmou o deputado Mendonça Filho (DEM-PE).
O procedimento é o mesmo que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) adotará em plenário. Rosso responderá ao pedido na segunda-feira, mas deve negá-lo, uma vez que o objetivo é encerrar a votação até as 19h. Pelo menos um deputado, Julio Cesar (PSD-PI), revelou a intenção de faltar. “Eu nem queria ser titular na comissão. Estou avaliando. Existe a possibilidade de eu faltar e um suplente votar no meu lugar”, disse.
Ao longo da tarde e da noite de ontem, governistas e oposicionistas se revesaram em argumentos tanto jurídicos quanto políticos sobre o afastamento. “Não há pedalada fiscal. . O que existe é pedalada jurídica para justificar o injustificável. O impeachment ilegal é contra a democracia”, disse o deputado Pepe Vargas (PT-RS). Líder do PDT, Weverton Rocha (MA) chegou a apresentar um voto em separado, contrário ao afastamento de Dilma. Já Benito Gama (PTB-BA) afirmou que o país vive uma “degradação em todos os sentidos”. “Estamos sendo levados para o caos, não somente nacional, mas internacional”, disse. Um dos dois principais argumentos do voto de Jovair Arantes (PTB-GO), as pedaladas são atrasos de repasses da União a bancos públicos. O relator entende que o mecanismo constituiu operação de crédito, acusação negada pelo governo..