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Estado de Minas

Governo bajula outros caciques para barrar impeachment

Líderes de quatro partidos têm sido procurados para apresentar demandas em troca de apoio na votação


postado em 11/04/2016 06:00 / atualizado em 11/04/2016 07:37


Na busca dos 172 votos ou ausências que podem barrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), os articuladores do governo estão correndo atrás de partidos que até então não tinham tanto prestígio no Palácio do Planalto. Com a movimentação, caciques de legendas como PP, PSD, PR e PRB estão em alta em Brasília, mas também ganharam força os próprios parlamentares, que estão sendo procurados diretamente para colocar suas demandas. O governo, por sua vez, ciente das possíveis traições, apesar das poucas nomeações de segundo escalão que vem fazendo, está prometendo dar ministérios somente depois da votação prevista para 17 de abril.

O interlocutor do PP é o senador pelo Piauí, Ciro Nogueira, presidente da legenda, que teve o nome citado pelo doleiro Alberto Youssef. O lobista o acusou de receber US$ 150 mil para se filiar ao partido. Mesmo investigado na Operação Lava-Jato, ele foi reconduzido ao cargo em abril do ano passado. O outro articulador do acordo do PP com o governo é o deputado Agnaldo Ribeiro (PB), escolhido líder da bancada em fevereiro. Ele já havia liderado o partido e foi ministro das Cidades no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. Ribeiro também está na lista da Lava-Jato por supostamente ter se beneficiado do pagamento mensal de propina da cota da Petrobras ao PP, partido com maior número de denunciados.

INDEFINIDO Apesar de ter anunciado que haveria uma reunião do diretório para decidir sobre a permanência ou não no governo, Nogueira chamou a imprensa na semana passada e, por conta própria, afirmou que o PP continua com Dilma. Também afirmou que a orientação é votar contra o afastamento e que procederão assim 40 dos 51 parlamentares da bancada na Câmara. Na legenda, porém, as votações são decididas de forma individualizada e, segundo o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), a conta é diferente. “Tem apenas nove contrários ao impeachment. Hoje já temos 29 favoráveis e 17 indecisos. Estamos trabalhando e acho que conseguiremos mais uns seis ou sete, chegando a uns 35 votos contra Dilma”, afirmou. O parlamentar diz que Ciro sabe da independência dos parlamentares e não vai tentar obrigá-los a tomar uma decisão.

Já o PR, que também ameaçou romper com o governo, mas deve deixar a decisão para a última hora, conta com 40 votos. A bancada estaria pressionando a cúpula para ser liberada a votar como quiser. Quem dá as cartas é o ex-deputado Valdemar da Costa Neto, condenado a sete anos e 10 meses de prisão por sua participação no mensalão, que foi para o regime aberto em 2014. Assim como ocorreu com outros mensaleiros, ele está prestes a conseguir o perdão pelo Supremo Tribunal Federal. A Procuradoria-geral da República já deu parecer favorável.

Apesar de o partido ser presidido oficialmente pelo ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, as indicações dos membros do partido na comissão do impeachment teriam saído das mãos dele. Quem trata das conversas sobre a votação no impeachment e os cargos no governo são o líder da bancada Maurício Quintella Lessa, fiel a Valdemar, e o ministro dos Transportes Antônio Carlos Rodrigues. A obediência dos comandados, no entanto, não será cega. “Parece que o partido vai continuar na base mas, em hipótese alguma, mudo meu voto pelo impeachment da presidente Dilma, nem que seja expulso do partido”, antecipou o deputado federal por Minas Gerais, Marcelo Álvaro Antônio.

NEGOCIAÇÃO Os 36 votos do PSD também estão entre os mais cobiçados, principalmente depois do rompimento do PMDB com o governo. O ministro das Cidades, Gilberto Kassab, chegou a dizer ao Planalto que pode aumentar a votação a favor da presidente Dilma Rousseff na bancada do partido, mas, se isso ocorrer, ele sugeriu que a legenda merecerá mais uma pasta na Esplanada dos Ministérios. É o ex-prefeito de São Paulo, fundador do PSD, quem tem o comando da legenda. No fim de março, com a anuência dele, os parlamentares foram liberados para votar como quiserem no processo do impeachment. A maioria seria a favor do afastamento de Dilma.

O PRB, do ex-bispo da Igreja Universal e sobrinho de Edir Macedo, senador Marcelo Crivella, deixou o governo no mês passado, entregando o Ministério dos Esportes, mas os 22 votos da bancada também estão nos horizontes do Planalto. Além de Crivella, o apresentador Celso Russomanno, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, também é articulador do partido. Russomanno foi condenado pela Justiça Federal no fim do ano passado por empregar uma funcionária fantasma em seu gabinete e pode ficar inelegível por esse motivo.

Crivella estaria contra o impeachment e Russomanno deu declarações recentes que indicam que ele seja a favor do afastamento. O advogado Marcos Pereira, presidente nacional do PRB, disse que a legenda ainda não fechou questão sobre o impeachment, mas que o partido vai permanecer independente na votação. “A maioria da bancada é favorável e tem uma minoria na dúvida. Se decidirmos liberar a bancada, será permitido o voto em um ou outro sentido”, comentou. 


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