Preso nesta terça-feira na 28ª fase da Operação Lava-Jato, o ex-senador Gim Argello (PTB/DF) recebeu R$ 5 milhões em propina das empreiteiras OAS e UTC para financiamento de campanha eleitoral, em 2014, da coligação União e Força (DEM/PRTB/PMN/PR/PTB), no Distrito Federal. Além disso, conforme a Lava-Jato, as duas empreiteiras repassaram ao então parlamentar, entre julho e outubro de 2014, mais R$ 350 mil por meio de repasse à Paróquia São Pedro, da Igreja Católica, também no Distrito Federal, onde Argello é frequentador.
De acordo com o procurador Athayde Ribeiro Costa, em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira, em Curitiba, no Paraná, para onde Argello foi conduzido em prisão preventiva (sem tempo determinado para soltura), o ex-parlamentar recebeu essa propina usando de"tráfico de influência".
Segundo investigações da Polícia Federal, há "indícios concretos" de que Argello, membro da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada no Senado e também da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), no Congresso Nacional, ambas com o objetivo de apurar irregularidades no âmbito da Petrobras em 2014 , teria atuado para evitar a convocação de empreiteiros para prestarem depoimento. Em troca, as empresas teriam feito pagamentos indevidos, travestidos de doações eleitorais oficiais em favor dos partidos da base de sustentação de Argello.
O procurador também disse que não há indícios de que os partidos sabiam da origem do dinheiro. Em relação à paróquia, foi enviado um ofício para que o responsável esclareça a doação. Não foi informado se houve uma resposta da paróquia a respeito.
De acordo com o procurador Athayde Ribeiro Costa, há provas de que o ex-senador cometeu os crimes de lavagem de dinheiro e obstrução de investigações. Nesse último caso, Athayde disse que a atuação de Argello, durante as CPIs da Petrobras, pode ser classificado como "inusitado atrevimento" tendo em vista que a Operação Lava-Jato atuava cmo força-tarefa para investigar corrupção envolvendo a Petrobras..