Perguntado se essa decisão do Senado poderia ser tomada em 48 horas, como ocorreu em 1992, no caso do então presidente Fernando Collor de Mello, atual senador pelo PTC de Alagoas, Calheiros disse que o impedimento de Dilma "tem o seu tempo".
De acordo com ele, o processo contra a presidente terá uma data decisiva, o domingo, 17, e é preciso aguardar a manifestação da Câmara "sem sofreguidão". Por isso, não se pode "antecipar os fatos" por "bom senso e responsabilidade", afirmou. Reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo no dia 20 revelou que Renan Calheiros, tido como a principal esperança pelo governo para barrar a destituição, já afirmou a interlocutores que não tem condições de impedir o afastamento de Dilma se a Câmara tomar a decisão de admitir a abertura do pedido. Segundo o presidente do Congresso avaliou com interlocutores, se isso acontecer, haverá uma "onda" que certamente resultará na cassação da presidente.
Áudio
Calheiros não quis se manifestar sobre o áudio que foi vazado nesta segunda-feira, 11, com a fala do vice-presidente Michel Temer, beneficiário direto da eventual queda da presidente. Importante quadro do PMDB, o presidente do Senado declarou que, pela função que ocupa, não deve "comentar esses fatos partidários porque isso exatamente desequilibra".
Limitou-se a dizer que não acompanha o dia a dia do partido porque é preciso preservar o Senado para assegurar o equilíbrio institucional.
Gim Argello
Renan afirmou ainda não conhecer os fundamentos que levaram à prisão preventiva esta manhã do ex-senador Gim Argello (PTB-DF) na nova fase da Operação Lava Jato. Na legislatura passada, Gim - suspeito de ter recebido propina de empreiteiras investigadas na operação para barrar convocações em CPIs da Petrobras no Congresso realizadas em 2014 - era um dos senadores próximos a Renan.
"Eu não conheço o fundamento, não conheço detalhes da investigação, portanto, não devo comentar esses fatos", disse Renan, lacônico. Também investigado na Lava Jato, Renan resistiu a abrir as duas comissões parlamentares de inquérito na ocasião.
O presidente do Senado também não respondeu a um questionamento da reportagem sobre se teme uma eventual delação premiada de Gim. Disse apenas que não conhece detalhes da investigação..