Promotoria de SP ajuda Lava-Jato em investigação sobre Ronan Maria Pinto

São Paulo - As apurações dos promotores do Ministério Público Estadual (MPE) sobre o esquema de corrupção na Prefeitura de Santo André, no ABC Paulista, durante a gestão do então prefeito Celso Daniel (PT), assassinado em janeiro de 2002, estão ajudando as investigações da 27° fase da Operação Lava-Jato, que investiga o empresário Ronan Maria Ponto, dono do jornal Diário do Grande ABC, por suspeita de lavagem de dinheiro.

Uma das hipóteses investigadas é de que Ronan usaria os filhos como testa de ferro em empresas offshore nos Estados Unidos para lavar dinheiro ilícito.
Danilo, filho do empresário, aparece nas investigações como proprietário de duas offshores naquele país.

No final de março, os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) ouviram o empresário Edison Kara José Santos, amigo da família de Ronan Maria Pinto. Ele afirmou que há cerca de dois anos vendeu uma cobertura avaliada em R$ 7 milhões para Danilo, por meio de sua incorporadora, em Angra dos Reis. O imóvel pertence a um complexo de 24 prédios, sendo que um deles será do Hotel Fasano.

Santos afirmou aos promotores que Danilo deu sinal de 30% parcelado em 20 vezes e financiou o restante com bancos. O empresário disse também que Danilo trabalha no Diário do Grande ABC, tocando os negócios do pai e não tem outra fonte de renda.

Nos depoimentos, o empresário negou a possibilidade de Ronan ter adquirido um imóvel em Portugal.

Ronan Maria Pinto está com a prisão preventiva decretada por ordem do juiz Sérgio Moro. Ele foi preso na Operação Carbono 14, em 1° de abril, acusado de participar de um esquema de lavagem de dinheiro de um empréstimo de R$ 12 milhões do Banco Shain, em 2004, que foi pago com recursos da Petrobras. A estatal contratou a Schain como operadora do navio sonda Vitória 10.000, em 2009, por US$ 1,6 bilhão.

O empréstimo foi contraído pelo pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo a investigação, por determinação do PT, parte desse dinheiro do empréstimo - R$ 6 milhões - foi entregue a Ronan Maria Pinto para que ele parasse de fazer chantagem contra Lula. Ele, segundo depoimento de Marcos Valério - condenado no Mensalão - ameaçava contar supostos segredos da morte de Celso Daniel que envolveria a cúpula petista.

Com o dinheiro, Ronan comprou o Diário do Grande ABC.
Durante a Operação Carbono 14, foi preso o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o jornalista Breno Altman, amigo do ex-ministro José Dirceu, foram conduzidos coercitivamente para prestar depoimento. Pereira cumpriu o período de prisão temporária e está em liberdade..