O número da cúpula do PP é menor, inclusive, do que os 13 deputados que se posicionaram contra o impeachment da presidente Dilma durante a reunião da bancada do partido ocorrida ontem e que acabou culminando com o anúncio de desembarque da sigla. Compareceram ao encontro 44 dos 47 parlamentares. Desses, 31 votaram a favor do impedimento. Os outros faltaram.
Membros da direção do PP preveem que essa tendência deve se repetir nas bancadas do PR e do PSD, partidos que passaram a ser consideradas como os principais pilares da base de sustentação da presidente Dilma, após o rompimento do PMDB com o governo. A cúpula do PP não espera, contudo, que as duas legendas anunciem desembarque do governo como fez ontem a sigla.
Pelas contas de um influente dirigente do PP, somente sete dos 40 deputados do PR na Câmara defenderão o governo no plenário, no domingo, o equivalente a 17,5% da bancada. Já no PSD, dirigentes do PP preveem que somente cinco membros se posicionarão contra o impedimento da petista, o correspondente a 13,9% da bancada do partido na Casa, composta por 36 parlamentares.
As contas da cúpula do PP são próximas aos cálculos de membros desses partidos. No PR, por exemplo, o deputado Maurício Quintella (AL), que deixou a liderança da sigla na Câmara nesta semana para apoiar o impeachment, afirma que 25 a 30 deputados deverão segui-lo e votar a favor do impedimento de Dilma. A cúpula do PR, contudo, continua contra o afastamento da petista.
No PSD, nenhum cálculo tem sido divulgado. A bancada deve se reunir nesta quarta-feira para discutir como se portará na votação. Alguns parlamentares defendem que o partido siga o exemplo do PP e feche posição majoritária pró-impeachment. No entanto, o líder na Câmara, Rogério Rosso (DF), que é favorável ao afastamento da petista, tem dito que a tendência é liberar a bancada.
Os números, embora ainda possam mudar até o dia da votação, mostram a dificuldade que o governo terá para barrar o impeachment na Câmara. O governo precisa ter ao menos 171 votos para que o parecer aprovado na comissão especial não seja também aprovado no plenário da Casa. Se aprovado, o processo segue para o Senado, a quem caberá analisar o mérito do pedido.